domingo, julho 29, 2012

A bandeira olímpica, ... e Marina Silva, a 'ética' e 'ecológica' entregou a bandeira olímpica a soldados da OTAN?!



29/7/2012, Manlio Dinucci (recebido por e-mail em italiano; enviado simultaneamente, para o autor, para Il Manifesto, Itália, sob o título "La bandiera olimpica in mano ai militari", aqui modificado)

As Olimpíadas podem ser “tempo de amizades novas e renovadas, onde se forjam a paz e o entendimento.” Assim o Arcebispo de Westminster saudou os atletas chegados a Londres, vindos de todas as partes do mundo. Para manifestar esse espírito, na cerimônia de abertura, o governo de Sua Majestade entregou a bandeira com os cinco círculos olímpicos, símbolo de paz... a um esquadrão de 16 soldados britânicos, selecionados entre os que mais se destacaram em guerras em curso.

À frente do esquadrão, formado de oficiais e soldados das três armas, vinha Tal Lambert, diretor de comunicações das bases aéreas de Lyneham e Brize Norton, usada ano passada na guerra contra a Líbia. Dentre outros militares da Real Força Aérea britânica, ali estava o Sargento Suneil Raval, condecorado por participação nas guerras dos Balcãs e do Iraque. Dentre os da Marinha e das Forças Especiais, vinha o oficial John Hiscock, condecorado pela Rainha com a Medalha da Galanteria, por ação na invasão do Iraque. Dentre os do Exército, o sargento Kyle Reains, condecorado por ação em combate no Iraque e no Afeganistão, onde foi ferido; e o cabo Josh Rainey, com duas missões de alto risco no Afeganistão, no currículo.

Exibir um esquadrão militar a carregar não só a bandeira britânica, mas também a bandeira olímpica foi gesto altamente simbólico: uma reafirmação de que os exército da Grã-Bretanha e de outros países da OTAN não fariam guerra de agressão e só operariam no interesse da paz e da humanidade.

Causa escândalo e vergonha que o Comitê Olímpico Internacional tenha admitido essa manifestação de forças militares, que deve ser proibida, para o futuro, em qualquer país no qual se realizem as Olimpíadas.

Também causa escândalo e vergonha que a imprensa internacional tenha ignorado essa manifestação, embora toda a imprensa mundial tenha testemunhado o gesto belicista. Mas jornais, televisões e jornalistas profissionais estavam ocupados em comentar o chapéu da rainha, no momento em que militares hasteavam a bandeira olímpica, reafirmando a glória do Império Britânico.

Em tempo: Entre as ‘entidades’ vestidas de branco, que entregaram a bandeira olímpica aos cuidados de soldados da OTAN, vinha, surpreendentemente, D. Marina Silva, brasileira, sem NENHUM atributo que a qualifique para estar naquele lugar pressuposto honroso e que absolutamente NADA representa no Brasil. Dado que ainda não se sabe, no Brasil, POR QUÊ foi convidada, aproveitamos a oportunidade para registrar, por hora, o nosso escândalo e a nossa vergonha apenas PESSOAIS. Voltaremos a esse assunto [Nota dos tradutores brasileiros].

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da Vila Vudu...

quarta-feira, julho 25, 2012

O fim patético dos velhos coronéis


A tentativa do PSDB em calar vozes dissonantes

Por Marco Antonio L.
Da Carta Maior
Blog das Frases, por Saul Leblon

PSDB: O Estado-anunciante e a liberdade suja

 
A representação do PSDB ao Procurador Geral Eleitoral contra blogs que criticam suas lideranças e agenda partidária, é um pastel revelador. O recheio exala as prendas do quituteiro; a oleosidade da fritura qualifica o estado geral da cozinha. Na primeira mordida fica explícito que a referência de 'bom' jornalismo do PSDB é a revista VEJA, uma ferradura editorial adestrada para escoicear três dimensões da sociedade: agendas progressistas; lideranças que as representem; governos que lhes sejam receptivos.

Curto e grosso, o poder tucano pleiteia a asfixia publicitária - com supressão de publicidade estatal -de qualquer outra forma de imprensa que não se encaixe no tripé que o espelha. A singular concepção de pluralidade afronta boa parte dos sites e blogs alternativos que se reservam o direito de exercer a crítica política da sociedade e do desenvolvimento de uma perspectiva não conservadora. 'São blogs sujos', fuzila a representação tucana, cuja coerência não pode ser subestimada. Há esférica sintonia entre a forma como o PSDB se exprime e o higienismo de uma prática que São Paulo, a 'cidade limpa', tão bem conhece.
....
O tema da publicidade estatal mereceria um discernimento mais amplo do que o reducionismo estreito do interesse eleitoral tucano. O Estado deve se comunicar com a sociedade. A comunicação deve se pautar pelo interesse público. Campanhas educativas e institucionais não podem ser confundidas com propaganda partidária, nem servir aos seus interesses, sejam eles quais forem. Dito isso, resta o ponto sensível ao PSDB: quem merece veicular tais mensagens de pertinência pública reconhecida?

O tucanato e certos 'especialistas em comunicação' parecem convergir, ainda que por caminhos diversos, a um consenso: a mídia alternativa deve ser alijada dessa tarefa. O 'Estado anunciante', uma corruptela do cacoete neoliberal 'Estado interventor', teria atingido, asseguram, uma hipertrofia perigosa; deslizamos a centímetros do abismo anti-democrático. No país que tem um dispositivo com o poder intromissor da Rede Globo, insinua-se que a principal ameaça à democracia é o Estado impor seu 'monólogo' à sociedade. Afirma-se isso com ares de equidistância acadêmica e engajamento liberal,.

Passemos.

Evitar essa derrocada exigiria um veto cabal a toda e qualquer publicidade oriunda da esfera pública? Em termos. Na verdade, não seria exatamente essa essa a malha do coador tucano. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo esclarecedor no 'Estadão', de 3 de junho último, foi ao ponto: “Será que é democrático", disse ele, "deixar que os governos abusem nas verbas publicitárias ou que as empresas estatais, sub-repticiamente, façam coro à mesma publicidade sob pretexto de estarem concorrendo em mercados que, muitas vezes, são quase monopólicos? (...) O efeito deletério desse tipo de propaganda disfarçada não é tão sentido na grande mídia, pois nesta há sempre a concorrência de mercado que a leva a pesar o interesse e mesmo a voz do consumidor e do cidadão eleitor. Mas nas mídias locais e regionais o pensamento único impera sem contraponto.”

É isso. O grão tucano adiciona nuances na investida contra o Estado anunciante. Nas páginas de 'Veja', e sucedâneos, não haveria risco de influencia editorial. Ali a 'voz do consumidor e a concorrência' preservam a 'isenção do jornalismo'. "Mas nas mídias locais e regionais...' Quais? Sobretudo aquelas que incomodam ao engenho e à arte tucana de governar e fazer política.

'Especialistas em comunicação' com passagem pelo governo Lula - experiência descrita sempre como 'traumática, mas de uso conveniente nos salões conservadores - reivindicam, é bem verdade, uma intolerância mais abrangente contra o 'Estado-anunciante'. No limite, advertem, o uso da máquina publicitária instrumentalizaria um poder de coerção de tal forma desproporcional que ameaçaria a própria alternância no poder. A evocação colegial de um ambiente quase-nazista sob o terceiro Reich petista tem, como se sabe, audiência cativa em certos veículos e tertúlias filosóficas de endinheirados. Mas o libelo anti-totalitário tropeça nos seus próprios termos ao não adotar idêntica ênfase na denúncia de uma oligárquica estrutura de propriedade do sistema de comunicação que, esta sim, instituiu um verdadeiro diretório paralelo no país, arvorado em corregedor das urnas, da economia e da ética.

A hipocrisia que perpassa esse descuido pertence a mesma matriz ideológica que inspirou agora a representação tucana contra os 'blogs sujos'. Contra ela Brecht resolveu cunhar um dia a metáfora de hígida atualidade: 'O que é assaltar um banco, em comparação com fundar um banco?' Leia neste endereço, a íntegra da sugestiva representação do PSDB que pede, especificamente, a investigação dos blogs de Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim.

segunda-feira, julho 23, 2012

Caiu a casa do Globope...


 



http://www.youtube.com/watch?v=6QpGWkWuIXY&feature=player_embedded

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RECORD DENUNCIA NEGÓCIOS
DO DONO DO GLOBOPE
A reportagem do Domingo Espetacular mostrou como Montenegro ganhou bilhões de reais com negócios suspeitos com a exploração particular de um serviço público.
Montenegro: muitas explicações a dar à Globo

Saiu no R7:

Reportagem mostrou negócios suspeitos do enriquecimento do presidente Montenegro

No dia em que o Domingo Espetacular apresentou reportagem com negócios suspeitos do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, o índice de audiência do jornalístico registrou, segundo o instituto, um dos piores índices dos últimos anos.

O programa fechou com oito pontos em média no Ibope segundo dados prévios. Ficou em terceiro lugar durante a apresentação, atrás de Globo e SBT. Há mais de dois anos – desde fevereiro de 2010 – o programa não registrava audiência tão baixa no Ibope.

Neste ano, o programa chegou a registrar o dobro de audiência segundo o Ibope, como em março, quando fechou com média de 16 pontos e picos de 20. Em junho e julho, registrou média acima de 10 pontos.

A reportagem do Domingo Espetacular mostrou como Montenegro ganhou bilhões de reais com negócios suspeitos com a exploração particular de um serviço público, a taxa de gravames para carros financiados em todo o Brasil, e as aplicações de remessas de dinheiro em operações suspeitas em paraísos fiscais.

Montenegro criou a empresa GRV, que administra o gravame no Brasil. O gravame é um mecanismo que visa a garantir que ninguém passe adiante um carro financiado, que ainda não foi pago. Na prática, é um número que identifica o carro. Todo carro comprado por financiamento tem gravame, e isso vale para cerca de 70% de todos os carros vendidos no País.

Ou seja: um serviço público está sob controle de uma empresa privada, e sem que tenha havido concorrência pública. Isso gerou enriquecimento meteórico e questionável de Carlos Augusto Montenegro e seus sócios, rendendo cerca de R$ 180 milhões por ano. Mesmo tendo vendido a GRV em 2005 para outra empresa, a Cetip, em transação que rendeu R$ 2 bilhões, Montenegro e seus sócios continuaram influindo no negócio, ao manterem cerca de 5% das ações da nova empresa.

Pouco depois de assumir o serviço de administração dos gravames pelo Brasil, Montenegro abriu empresas em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. Pelos papéis obtidos pela reportagem, constata-se que as empresas de Montenegro no exterior trazem dinheiro para suas empresas no Brasil.

Um detalhe chama a atenção: Solange Montenegro, irmã do dono do Ibope, aparece nas duas pontas das transações. Ela é procuradora de uma das empresas sediadas em paraíso fiscal, de onde o dinheiro sai, e sócia de uma das empresas no Brasil, onde o dinheiro entra. A procuração para que ela possa movimentar esse dinheiro todo foi emitida por outra empresa de Montenegro em paraíso fiscal.

Um esquema semelhante ao utilizado por Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, investigado pela Polícia Federal. A exemplo do esquema montado por Montenegro, quem assina os documentos nas duas pontas da operação é um irmão de Teixeira, Guilherme Terra Teixeira. As revelações desse esquema derrubaram Ricardo Teixeira do comando do futebol brasileiro.

Cada ponto no Ibope corresponde a cerca de 60 mil domicílios na Grande São Paulo.

Assista à reportagem do Domingo Espetacular abaixo:

http://entretenimento.r7.com/famosos-e-tv/noticias/domingo-espetacular-cai-no-ibope-em-dia-de-denuncia-contra-dono-do-instituto-20120723.html
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sábado, julho 21, 2012

Processo para incorporação da Venezuela surpreendeu Washington e direita sul-americana e abre novas perspectivas para região. Por isso, será bombardeado pela mídia


O Mercosul e o xadrez geopolítico das Américas



Por Samuel Pinheiro Guimarães, em  Carta Maior
1. Não há como entender as peripécias da política sul-americana sem levar em conta a política dos Estados Unidos para a América do Sul. Os Estados Unidos ainda são o principal ator político na América do Sul e pela descrição de seus objetivos devemos começar.
2. Na América do Sul, o objetivo estratégico central dos Estados Unidos, que apesar do seu enfraquecimento continuam sendo a maior potência política, militar, econômica e cultural do mundo, é incorporar todos os países da região à sua economia. Esta incorporação econômica leva, necessariamente, a um alinhamento político dos países mais fracos com os Estados Unidos nas negociações e nas crises internacionais.
3. O instrumento tático norte-americano para atingir este objetivo consiste em promover a adoção legal pelos países da América do Sul de normas de liberalização a mais ampla do comércio, das finanças e investimentos, dos serviços e de “proteção” à propriedade intelectual através da negociação de acordos em nível regional e bilateral.
4. Este é um objetivo estratégico histórico e permanente. Uma de suas primeiras manifestações ocorreu em 1889 na I Conferência Internacional Americana, que se realizou em Washington, quando os EUA, já então a primeira potência industrial do mundo, propuseram a negociação de um acordo de livre comércio nas Américas e a adoção, por todos os países da região, de uma mesma moeda, o dólar.
5. Outros momentos desta estratégia foram o acordo de livre comércio EUA-Canadá; o NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte, incluindo além do Canadá, o México); a proposta de criação de uma Área de Livre Comércio das Américas – ALCA e, finalmente, os acordos bilaterais com o Chile, Peru, Colômbia e com os países da América Central.
6. Neste contexto hemisférico, o principal objetivo norte-americano é incorporar o Brasil e a Argentina, que são as duas principais economias industriais da América do Sul, a este grande “conjunto” de áreas de livre comércio bilaterais, onde as regras relativas ao movimento de capitais, aos investimentos estrangeiros, aos serviços, às compras governamentais, à propriedade intelectual, à defesa comercial, às relações entre investidores estrangeiros e Estados seriam não somente as mesmas como permitiriam a plena liberdade de ação para as megaempresas multinacionais e reduziria ao mínimo a capacidade dos Estados nacionais para promover o desenvolvimento, ainda que capitalista, de suas sociedades e de proteger e desenvolver suas empresas (e capitais nacionais) e sua força de trabalho.
7. A existência do Mercosul, cuja premissa é a preferência em seus mercados às empresas (nacionais ou estrangeiras) instaladas nos territórios da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai em relação às empresas que se encontram fora desse território e que procura se expandir na tentativa de construir uma área econômica comum, é incompatível com objetivo norte-americano de liberalização geral do comércio de bens, de serviços, de capitais etc que beneficia as suas megaempresas, naturalmente muitíssimo mais poderosas do que as empresas sul-americanas.
8. De outro lado, um objetivo (político e econômico) vital para os Estados Unidos é assegurar o suprimento de energia para sua economia, pois importam 11 milhões de barris diários de petróleo sendo que 20% provêm do Golfo Pérsico, área de extraordinária instabilidade, turbulência e conflito.
9. As empresas americanas foram responsáveis pelo desenvolvimento do setor petrolífero na Venezuela a partir da década de 1920. De um lado, a Venezuela tradicionalmente fornecia petróleo aos Estados Unidos e, de outro lado, importava os equipamentos para a indústria de petróleo e os bens de consumo para sua população, inclusive alimentos.
10. Com a eleição de Hugo Chávez, em 1998, suas decisões de reorientar a política externa (econômica e política) da Venezuela em direção à América do Sul (i.e. principal, mas não exclusivamente ao Brasil), assim como de construir a infraestrutura e diversificar a economia agrícola e industrial do país viriam a romper a profunda dependência da Venezuela em relação aos Estados Unidos.
11. Esta decisão venezuelana, que atingiu frontalmente o objetivo estratégico da política exterior americana de garantir o acesso a fontes de energia, próximas e seguras, se tornou ainda mais importante no momento em que a Venezuela passou a ser o maior país do mundo em reservas de petróleo e em que a situação do Oriente Próximo é cada vez mais volátil.
12. Desde então desencadeou-se uma campanha mundial e regional de mídia contra o Presidente Chávez e a Venezuela, procurando demonizá-lo e caracterizá-lo como ditador, autoritário, inimigo da liberdade de imprensa, populista, demagogo etc. A Venezuela, segundo a mídia, não seria uma democracia e para isto criaram uma “teoria” segundo a qual ainda que um presidente tenha sido eleito democraticamente, ele, ao não “governar democraticamente”, seria um ditador e, portanto, poderia ser derrubado. Aliás, o golpe já havia sido tentado em 2002 e os primeiros lideres a reconhecer o “governo” que emergiu desse golpe na Venezuela foram George Walker Bush e José María Aznar.
13. À medida que o Presidente Chávez começou a diversificar suas exportações de petróleo, notadamente para a China, substituiu a Rússia no suprimento energético de Cuba e passou a apoiar governos progressistas eleitos democraticamente, como os da Bolívia e do Equador, empenhados em enfrentar as oligarquias da riqueza e do poder, os ataques redobraram orquestrados em toda a mídia da região (e do mundo).
14. Isto apesar de não haver dúvida sobre a legitimidade democrática do Presidente Chávez que, desde 1998, disputou doze eleições, que foram todas consideradas livres e legítimas por observadores internacionais, inclusive o Centro Carter, a ONU e a OEA.
15. Em 2001, a Venezuela apresentou, pela primeira vez, sua candidatura ao Mercosul. Em 2006, após o término das negociações técnicas, o Protocolo de adesão da Venezuela foi assinado pelos Presidentes Chávez, Lula, Kirchner, Tabaré e Nicanor Duarte, do Paraguai, membro do Partido Colorado. Começou então o processo de aprovação do ingresso da Venezuela pelos Congressos dos quatro países, sob cerrada campanha da imprensa conservadora, agora preocupada com o “futuro” do Mercosul que, sob a influência de Chávez, poderia, segundo ela, “prejudicar” as negociações internacionais do bloco etc. Aquela mesma imprensa que rotineiramente criticava o Mercosul e que advogava a celebração de acordos de livre comércio com os Estados Unidos, com a União Européia etc, se possível até de forma bilateral, e que considerava a existência do Mercosul um entrave à plena inserção dos países do bloco na economia mundial, passou a se preocupar com a “sobrevivência” do bloco.
16. Aprovado pelos Congressos da Argentina, do Brasil, do Uruguai e da Venezuela, o ingresso da Venezuela passou a depender da aprovação do Senado paraguaio, dominado pelos partidos conservadores representantes das oligarquias rurais e do “comércio informal”, que passou a exercer um poder de veto, influenciado em parte pela sua oposição permanente ao Presidente Fernando Lugo, contra quem tentou 23 processos de “impeachment” desde a sua posse em 2008.
17. O ingresso da Venezuela no Mercosul teria quatro consequências: dificultar a “remoção” do Presidente Chávez através de um golpe de Estado; impedir a eventual reincorporação da Venezuela e de seu enorme potencial econômico e energético à economia americana; fortalecer o Mercosul e torná-lo ainda mais atraente à adesão dos demais países da América do Sul; dificultar o projeto americano permanente de criação de uma área de livre comércio na América Latina, agora pela eventual “fusão” dos acordos bilaterais de comércio, de que o acordo da Aliança do Pacifico é um exemplo.
18. Assim, a recusa do Senado paraguaio em aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul tornou-se questão estratégica fundamental para a política norte americana na América do Sul.
19. Os líderes políticos do Partido Colorado, que esteve no poder no Paraguai durante sessenta anos, até a eleição de Lugo, e os do Partido Liberal, que participava do governo Lugo, certamente avaliaram que as sanções contra o Paraguai em decorrência do impedimento de Lugo, seriam principalmente políticas, e não econômicas, limitando-se a não poder o Paraguai participar de reuniões de Presidentes e de Ministros do bloco.
Feita esta avaliação, desfecharam o golpe. Primeiro, o Partido Liberal deixou o governo e aliou-se aos Colorados e à União Nacional dos Cidadãos Éticos – UNACE e aprovaram, a toque de caixa, em uma sessão, uma resolução que consagrou um rito super-sumário de “impeachment”.
Assim, ignoraram o Artigo 17 da Constituição paraguaia que determina que “no processo penal, ou em qualquer outro do qual possa derivar pena ou sanção, toda pessoa tem direito a dispor das cópias, meios e prazos indispensáveis para apresentação de sua defesa, e a poder oferecer, praticar, controlar e impugnar provas”, e o artigo 16 que afirma que o direito de defesa das pessoas é inviolável.
20. Em 2003, o processo de impedimento contra o Presidente Macchi, que não foi aprovado, levou cerca de 3 meses enquanto o processo contra Fernando Lugo foi iniciado e encerrado em cerca de 36 horas. O pedido de revisão de constitucionalidade apresentado pelo Presidente Lugo junto à Corte Suprema de Justiça do Paraguai sequer foi examinado, tendo sido rejeitado in limine.
21. O processo de impedimento do Presidente Fernando Lugo foi considerado golpe por todos os Estados da América do Sul e de acordo com o Compromisso Democrático do Mercosul o Paraguai foi suspenso da Unasur e do Mercosul, sem que os neogolpistas manifestassem qualquer consideração pelas gestões dos Chanceleres da UNASUR, que receberam, aliás, com arrogância.
22. Em consequência da suspensão paraguaia, foi possível e legal para os governos da Argentina, do Brasil e do Uruguai aprovarem o ingresso da Venezuela no Mercosul a partir de 31 de julho próximo. Acontecimento que nem os neogolpistas nem seus admiradores mais fervorosos – EUA, Espanha, Vaticano, Alemanha, os primeiros a reconhecer o governo ilegal de Franco – parecem ter previsto.
23. Diante desta evolução inesperada, toda a imprensa conservadora dos três países, e a do Paraguai, e os líderes e partidos conservadores da região, partiram em socorro dos neogolpistas com toda sorte de argumentos, proclamando a ilegalidade da suspensão do Paraguai (e, portanto, afirmando a legalidade do golpe) e a inclusão da Venezuela, já que a suspensão do Paraguai teria sido ilegal.
24. Agora, o Paraguai procura obter uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul sobre a legalidade de sua suspensão do Mercosul enquanto, no Brasil, o líder do PSDB anuncia que recorrerá à justiça brasileira sobre a legalidade da suspensão do Paraguai e do ingresso da Venezuela.
25. A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela.
26. Na realidade, a questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul e de seu futuro como região soberana e desenvolvida.

quinta-feira, julho 19, 2012

O LINHÃO DO VIRA-LATA


É provável que o Discovery Channel faça um documentário sobre essa obra.
Na TV brasileira ninguém mostrou nada, o próprio governo não divulgou nada.
Uma das maiores obras desse tipo no mundo. É assim aqui no Brasil...
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Trecho C do Linhão de Tucuruí tem 76% das obras concluídas
O trecho C da linha de transmissão de energia que ligará o estado do Amazonas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), chamada "Linhão" de Tucuruí, está com 76 por cento das obras concluídas, informou a Eletrobras em nota nesta quarta-feira.

Já as subestações do trecho estão com 83 por cento das obras concluídas.

"Com esse resultado, não mediremos esforços para que, até outubro ou novembro deste ano, o trecho Oriximiná-Manaus seja concluído", disse o diretor técnico do consórcio Manaus Transmissora de Energia, Paulo Sérgio de Oliveira, em nota divulgada.

O único obstáculo na construção do trecho, segundo Oliveira, são as chuvas, que já causaram atrasos principalmente em locais de difícil acesso como na região da Estrada da Várzea, no município de Itapiranga, e na região do Parque Nhamundá, em Nhamundá.

A estimativa da Eletrobras é que todo o Linhão de Tucuruí esteja concluído até o primeiro semestre do ano que vem, permitindo a conexão do Amazonas ao sistema interligado.

Fonte: Reuters / Por Anna Flávia Rochas
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Linhão Tucuruí-Macapá-Manaus
A linha de Transmissão Tucuruí-Macapá-Manaus permitirá a integração dos estados do Amazonas, Amapá e do oeste do Pará ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Com aproximadamente 1.800 quilômetros de extensão total em tensões de 500 e 230 kV em circuito duplo, passará por trechos de florestas e vai atravessar o Rio Amazonas.
Por se tratar de uma obra complexa e realizada predominantemente na floresta amazônica foi definido um projeto compatibilizado com as orientações do órgão ambiental, buscando mitigar os impactos ambientais decorrentes, tais como alteamento de torres, uso deestruturas autoportantes e adoção de apenas picada para lançamento de cabos. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 3 bilhões.

  • Linhão permitirá a integração dos estados do Amazonas, Amapá e do oeste do Pará ao Sistema Interligado Nacional (SIN)
Além de interligar sistemas isolados do extremo norte, a nova linha vai diminuir o custo com geração termelétrica. A conclusão da obra do “linhão”, como é chamada a linha detransmissão, possibilitará ao País uma economia de R$ 2 bilhões por ano. Com isso, o cálculo é de que a linha se pagará em pouco mais deum ano e o fornecimento predominante será de energia limpa e renovável. Com o fim do uso decombustível fóssil, cerca de 3 milhõesde toneladas de carbono deixarão deser lançados na atmosfera.
O edital para a licitação da linha foi publicado pela Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel) em março de2008. A SPE Manaus Transmissora de Energia S/A vai construir o trecho Oriximiná / Silves / Lechuga, em 500 kV, com extensão de 586 km, nos estados do Amazonas e Pará. As empresas participantes são Eletronorte, Chesf e a espanhola Abengoa.
A empresa espanhola Isolux venceu os outros dois lotes, o lote “A” que liga Tucuruí a Jurupari, em 500 kV, e o lote “B” que liga Jurupari a Oriximiná, em 500 kV e Jurupari a Macapá, em 230 kV. Esses trechos têm conclusão prevista para junho de 2013 edezembro de 2012, respectivamente. Cerca de 4 mil operários trabalharam na execução da linha.
Em abril de 2011, foi concluída a montagem da primeira torre da linha de transmissão que ligará a Usina Hidrelétrica Tucuruí a Manaus, Macapá e dezenas de cidades do interior. A torre situada no trecho entre Oriximiná e a Subestação Engenheiro Lechuga, na capital amazonense, tem 62 metros de altura – o equivalente a um prédio de 20 andares, e pesa 24 toneladas.
O projeto da interligação faz parte do Programa de Expansão de Transmissão (PET) 2008-2012, desenvolvido com o objetivo de levantar as obras necessárias à expansão da redebásica. O “linhão” integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Os estudos preliminares sobre a viabilidade do projeto, que liga Tucuruí a Manaus e atende também o Amapá, surgiram no final dos anos 1980. Os levantamentos foram retomados em 2004, com a aprovação das leis que instituíram o novo marco regulatório do setor elétrico. Em 2007, o projeto do “linhão” foi apresentado.
Foram avaliadas várias alternativas para o traçado da linha para encontrar a que ofereceria menor impacto ambiental. Inicialmente foram consideradas seis opções. O tipo devegetação e o uso do solo foram pontos decisivos na escolha. Quando havia interferência em áreas legalmente protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação, foi feita mudança no traçado. Outro ponto importante do projeto diz respeito à travessia derios. O Amazonas, por exemplo, chega a ter até dez quilômetros de largura em alguns pontos. O sistema permite acrescentar um terceiro circuito à linha no futuro, usando o mesmo corredor.

quarta-feira, julho 18, 2012

As carinhas bobinhas e o Caçador de Marajás...



Leandro Fortes: A bruxa de Canapi

publicado em 17 de julho de 2012 às 23:13
Blog do Leandro Fortes, em CartaCapital
A entrevista da ex-primeira-dama Rosane Collor no Fantástico revela muito da disposição da velha mídia com a CPI do Cachoeira, a qual quer ver enterrada o mais rapidamente possível.
Rosane, para quem não sabe ou não se lembra, era mulher de Fernando Collor de Mello e por ele foi colocada na presidência da extinta Legião Brasileira de Assistência (LBA). Lá, ela organizou um esquema de roubo e desvio de dinheiro que escoava verbas de Brasília para os corfres da família dela em Canapi, no sertão de Alagoas.
Dinheiro destinado ao combate à seca. Agora, transmutada em “pastora evangélica”, foi à TV Globo dizer que o ex-tesoureiro Paulo César Farias tinha muita influência no governo Collor e que o ex-marido mexia com bruxaria… Então, uma informação às novas gerações: PC Farias, entre outras atribuições, bancava as CALCINHAS de Rosane Collor.
A estratégia de dar voz à pastora Rosane, nesse momento, nada tem a ver com interesses morais, quiçá republicanos. A velha mídia quer atingir e demonizar o senador Fernando Collor para intimidá-lo na CPI do Cachoeira.
Collor investiu contra o procurador-geral Roberto Gurgel por este ter engavetado a Operação Vegas, que já tinha pego Demóstenes Torres, em 2009. Collor investe contra a Editora Abril e a revista Veja, e trabalha pela convocação de Roberto Civita e Policarpo Junior.
Collor, o monstro criado, alimentado e eleito pela TV Globo e pela Veja, em 1989. Esse mundo dá mesmo muitas voltas.


Leia também:
Collor diz que respostas de Gurgel comprovam que ele cometeu crime de prevaricação

segunda-feira, julho 09, 2012

FORA DO VOTO: ninguém vota em jornalista e juiz




Partidarização da Justiça ameaça a democracia brasileira
ESTÁ SENDO FORMADO UM AMPLO MOVIMENTO DA SOCIEDADE CIVIL PARA DENUNCIAR AO MUNDO A ÚLTIMA GRANDE AMEAÇA À DEMOCRACIA BRASILEIRA, O CONTROLE QUE A DIREITA MIDIÁTICA EXERCE SOBRE O PODER JUDCIÁRIO
09 de Julho de 2012 às 18:48
Este ano, uma das principais anomalias da democracia brasileira emergirá com força. A proximidade do julgamento do “mensalão” do PT revela que, dos três pilares da República (Executivo, Legislativo e Judiciário), um não passou pela depuração da hegemonia conservadora oriunda da ditadura.
A democracia tratou de equilibrar a correlação de forças políticas e ideológicas nos Poderes Executivo e Legislativo. A renovação de quadros que os processos eleitorais impõem a esses Poderes a cada quatro ou oito anos (neste caso, nas eleições para o Senado Federal) permite que acompanhem os anseios da sociedade por pluralidade.
Esse efeito benfazejo da democracia, porém, não atinge a terceira perna do tripé que sustenta a República, o Judiciário.
Ainda que a cúpula desse Poder seja designada pelos poderes Executivo e Legislativo através da indicação dos membros do Supremo Tribunal Federal pelo Executivo, com referendo do Legislativo, o resto do corpo da Justiça brasileira ainda sofre os efeitos de décadas a fio de controle conservador das instituições.
O funcionamento da Justiça brasileira, no varejo, mostra seu viés conservador. Da juíza que mandou massacrar milhares de famílias do bairro de Pinheirinho em São José dos Campos para beneficiar um ricaço corrupto às decisões judiciais nos Estados que atendem aos interesses das famílias midiáticas e de seus prepostos, é claro o viés político-ideológico que distorce a Justiça.
Mesmo no Supremo Tribunal Federal, espanta constatar como o julgamento do “mensalão” do PT, de interesse da direita midiática, ultrapassou, temporalmente, o julgamento de escândalos mais antigos (como o mensalão do PSDB mineiro), que se arrastam simplesmente porque a mídia não se interessa por eles.
Bastou a mídia fazer pressão para o julgamento do mensalão ser marcado, ultrapassando ilegalmente casos mais antigos que se arrastam. Aí se tem a demonstração de que mesmo em um Supremo renovado pela indicação de juízes sem vínculos políticos como os indicados pelos governos anteriores ao de Lula, o poder de chantagem da mídia ainda intimida a Justiça.
A desconfiança que a sociedade nutre em relação à Justiça transparece da manchete de primeira página da Folha de São Paulo do primeiro dia útil desta semana, que dá conta de que a CUT pode ir às ruas protestar contra uma politização do julgamento do mensalão que vai se tornando cada vez mais previsível.
Na verdade, o que um dos grupos de mídia que mais intimidam o Judiciário noticia é apenas a ponta do iceberg de um imenso movimento de resistência democrática contra o tribunal político em que as famílias midiáticas e os partidos políticos que controlam devem tentar converter o julgamento do mensalão, pois, além da CUT, todos sabem que esse movimento em prol de um julgamento técnico deve açambarcar UNE, MST e outras centrais sindicais.
Com efeito, o julgamento do mensalão será, também, o julgamento da Justiça, pois algumas condenações, se ocorrerem, serão inaceitáveis porque se darão sem prova alguma. Como no caso de José Dirceu, por exemplo, que só pode sofrer alguma condenação se o julgamento for político porque não há absolutamente nada, nesse processo, que o incrimine.
Nas instâncias estaduais da Justiça, então, a situação é espantosa. Desafetos dos barões da mídia sofrem condenações absurdas nas primeiras instâncias enquanto que essa mídia e seus peões são blindados contra qualquer reclamação pelos abusos que cometem.
Na Justiça paulista ou na carioca, por exemplo, qualquer um que enfrente a mídia ou seus tenentes sabe que perderá, passando a ter alguma chance apenas nas instâncias superiores, quando os processos deixam a Justiça estadual.
Esse processo de partidarização e ideologização da Justiça, bem como sua permeabilidade a pressões midiáticas, está se tornando cada dia mais escandaloso. Jornalistas que se opõem aos partidos de direita e aos grupos de mídia vêm sofrendo cerceamento do direito de defesa.
Recentemente, jornalistas que incomodam a Globo foram condenados em ritos praticamente sumários, com seus processos “andando” em uma velocidade que a Justiça dificilmente exibe e sob decisões escandalosas que dispensam até, pasme-se, produção de provas pelas partes, dando razão, in limine, aos prepostos da família Marinho.
Movimentos sociais e sociedade civil, portanto, organizam-se para denunciar ao mundo a corrupção da Justiça pelos interesses da direita midiática. As ruas serão o primeiro passo, mas a intenção é chegar aos fóruns internacionais, pois o partidarismo da Justiça constitui a última grande ameaça à democracia brasileira.

Mensalão? Só se for no jornalismo de encomenda...


Marcos Coimbra: Os mensalões, um comparativo
Fonte: Carta Capital
Por coincidência, justamente quando o julgamento do mais famoso “mensalão”, que alguns chamam “do PT”, foi marcado, a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sua denúncia contra os acusados de outro, o “mensalão do DEM” do Distrito Federal.
Processos contra os 40 réus do chamado mensalão. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Trata-se mesmo de um acaso, pois a única coisa que os dois compartilham é o nome. Equivocado por completo para caracterizar o primeiro e inadequado para o segundo.

Naquele “do PT”, nada foi provado que sugerisse haver “mensalão”, na acepção que a palavra adquiriu em nosso vocabulário político: o pagamento de (gordas, como indica o aumentativo) propinas mensais regulares a parlamentares para votar com o governo. No outro, essa é uma das partes menos importante da história.

Alguns acham legítimo – e até bonito – empregar a expressão como sinônimo genérico de “escândalo” ou “corrupção”, mas isso só distorce o entendimento. O que se ganha ao usar mal o português? No máximo, contundência na guerra ideológica. Chamar alguma coisa de “mensalão” (ou adotar neologismos como “mensaleiro”) tornou-se uma forma de ofender.

Fora o nome errado igual, os dois são diferentes.
Ninguém olha o “mensalão” de Brasília como se tivesse significado especial. É somente, o que não quer dizer que seja pouco, um caso de agentes políticos e funcionários públicos, associados a representantes de empresas privadas, suspeitos de irregularidades.

Por isso, se o STJ acolher a denúncia, o processo terá tramitação normal. Sem cobranças para que ande celeremente. Sem que seja pintado com cores mais fortes que aquelas que já possui. Sem que se crie em seu torno um clima de “julgamento do século” ou sequer do ano.

É provável que aconteça com ele o mesmo que com outro mais antigo, o “mensalão do PSDB”. Esse, que alguns dizem ser o “pai de todos”, veio a público no mesmo período daquele “do PT”, mas avança em câmera lenta. Está ainda na fase de instrução, sem qualquer perspectiva de julgamento.
Por que o que afeta o PT é mais importante?

A resposta é óbvia: porque atinge o PT. Se os “mensalões” da oposição são tratados como secundários e se outros são irrelevantes (como os que a toda hora são noticiados em estados e municípios), deveria existir no do PT algo que justifique tratamento diferente.

Há quem responda com uma frase feita, tão difundida, quanto vaga: seria o “maior escândalo da história política brasileira”. Repetida como um mantra pelos adversários do PT, não é substanciada por nenhuma evidência, mas circula como se fosse verdade comprovada.

“Maior” em que sentido? Os recursos públicos movimentados seriam maiores? Mais gente estaria envolvida?

É difícil para quem lê as alegações finais do Ministério Público Federal (MPF) compreender o montante que em sua opinião teria sido desviado e como. O documento é vago e impreciso em algo tão fundamental.
Essa indefinição pode ser, no entanto, positiva: deixa a imaginação livre. Qualquer um pode inventar o valor que quiser.

O “mensalão do DEM”, ao contrário, tem tamanho especificado: 110 milhões de reais. Nele, o MPF não se confundiu com as contas.

Se o critério para considerar maior o petista for a quantidade de envolvidos, temos um curioso empate: dos 40 acusados originais, número buscado pelo MPF apenas por seu simbolismo, restam 37, tantos quanto os denunciados no escândalo de Brasília.

E há diferenças notáveis. No “mensalão do DEM”, os agentes públicos foram citados por desviar dinheiro para enriquecimento pessoal, o que, em linguagem popular, significa roubar. No “do PT”, nenhum.

De um lado, valores certos, acusados em número real, motivações inaceitáveis. Do outro, o oposto.
Quando o procurador-geral declarou que “a instrução comprovou que foi engendrado um plano criminoso para a compra de votos dentro do Congresso Nacional”, esqueceu que nem sequer uma linha de suas alegações o demonstrou. Arrolou 12 deputados (quatro do PT), que equivalem a 2% da Câmara, número insuficiente para sequer presumir que houvesse “um esquema de cooptação de apoio político”, a menos que inteiramente inepto.

No caso de Brasília, nada está fantasiado, é tudo visível, o que não significa que tenha sido provado de forma juridicamente correta.

No fundo, essa é a questão e a grande diferença entre os dois. Quando a hora chegar, o “mensalão do DEM” deverá, ao que tudo indica, ser analisado de maneira técnica. Se o “do PT” o fosse, pouco da acusação se sustentaria.

Tomara que os ministros do STF consigam independência para julgá-lo de maneira isenta, livres das pressões dos que exigem veredictos condenatórios.

http://www.cartacapital.com.br/politica/os-mensaloes-um-comparativo/#.T_mec1TmoHw.facebook
http://beguerreira.blogspot.com.br/2012/07/marcos-coimbra-s-mensaloes-um.html


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Os segredinhos encomendados da colunista da Folha

A colunista Eliane Cantanhêde revela segredinhos da presidenta Dilma Rousseff em sua coluna “Sem paixão” de domingo, 8 de julho. Ninguém sabia, até esta altura, que ela era a confidente de Dilma. Revelar segredos tão importantes, que só se desvelam entre quatro paredes, sem filmagens secretas nem grampos dissimulados, só para os muito íntimos. Não consta que Eliane seja carne e unha da presidenta.
Mas não é nenhum segredo fechado o que desvenda Cantanhêde quando diz que “Dilma trabalha seriamente com a possibilidade de derrota de ... Hugo Chávez na Venezuela, neste ano”. E argumenta: “Com Chávez, há duas questões para além da economia. Ao cercar o câncer de mistério, sua imagem tão forte passa a refletir fragilidade”. Ora, nem tão cercada de mistério está a enfermidade de Chávez, que ele mesmo tornou pública com bastante detalhe, nem sua imagem está enfraquecida.
Fisicamente, o sociólogo argentino Atílio Borón, presente no Foro de São Paulo há pouco levado a cabo em Caracas, num amplo relato afirmou que Chávez demonstrou em seu discurso e manifestações pessoais que carrega suficiente energia para enfrentar os ossos do ofício de presidente e a carga da disputa eleitoral, apesar de o âncora da televisão norte-americana, Dan Rather ter lhe dado há pouco, com base em fontes altamente fidedignas, não mais que dois meses terminais. Já se passaram quatro.
Politicamente, nada mostra que a doença o tenha enfraquecido. Georges Pompidou e François Mitterrand passaram os mandatos escondendo seus cânceres, apenas filtrados por segredinhos da imprensa, e não consta que tenham perdido relevância.
A malícia do segredinho revelado de Cantanhêde se completa na frase “E, pela primeira vez desde 1999, a oposição cerrou fileiras com uma candidatura, a de Henrique Capriles. Chávez passou a conviver com uma novidade: um opositor para valer.”
O grande objetivo da oligarquia, das forças reacionárias, da direita de nosso continente, apoiadas nos grandes meios de comunicação, para os próximos 90 dias, é a derrota de Chávez. Ao crescimento das forças democráticas, populares, progressistas e de esquerda na América Latina e Caribe, a direita e o imperialismo respondem de diversas formas, dentre outras com a agressão sistemática pelo governo de Estados Unidos, a manipulação e criminalização das demandas sociais, para gerar enfrentamentos violentos e uma contra-ofensiva golpista. O objetivo do império, a longo prazo, é controlar os recursos naturais. Não há outro continente que não a América do Sul a ostentar tantos e tão diversos recursos naturais - petróleo, água, biodiversidade ... - fundamentais para o desenvolvimento energético, industrial e agroalimentar. A contra-ofensiva estratégica de Washington é liquidar com Chávez porque ele é a grande liderança hoje das forças democráticas, progressistas, populares e de esquerda na defesa da soberania, independência e integração das nações latino-americanas e do Caribe.
Ante a iminente possibilidade de derrota eleitoral, a oposição venezuelana, respaldada pelos grandes meios de comunicação locais e internacionais, passaram a desatar uma intensa campanha, apelando a todo tipo de recursos, que incluem atos de violência e de desestabilização, mas também circunlóquios sibilinos não para defender um resultado altamente improvável – a vitória de Capriles – e sim para contar na hora da verdade com o argumento da denúncia de fraude.
O governo brasileiro, levando em conta os interesses legítimos do Brasil, sua política em favor da integração das nações latino-americanas, na defesa das recentes conquistas das massas de trabalhadores de nossa região, da nossa soberania e independência, está sim interessado – e muito – no resultado eleitoral de 7 de outubro na Venezuela. Para Dilma não “tanto faz como tanto fez”.
Felizmente, a consciência política da grande maioria do povo venezuelano permite prever uma nova, crucial e histórica vitória para as forças progressistas.

Max Altman – 09 julho 2012
Gráfico publicado pelo prestigioso Instituto Venezolano de Análisis de Datos (IVAD) em 08 de julho

quarta-feira, julho 04, 2012

GOLPE NO PARAGUAY: FIQUE ESPERTO COM A MÍDIA


A 'FRENTE PARAGUAIA'  MOSTRA OS DENTES
 Bastou um golpe de Estado para catalisar a orfandade conservadora que  amargava indócil ostracismo no ambiente democrático e progressista que predomina no Brasil e na América do Sul.  Veio do sofrido Paraguai --2,5% da população detém 80% das terras -- a senha para replicar cepas e esporões remanescentes de ditaduras e negócios contrariados ao longo desse processo. O 'golpe democrático'  aconteceu numa sexta-feira (22-06).  Na 2ª feira, a adesão começou a proliferar-se.  Uma semana depois, nesta 3ª feira, o jornalão que patrocinou o golpe de 64 deixou de lado a liturgia do espaço editorial e aconselhou aos golpistas paraguaios 'mandar às favas essa união aduaneira fracassada e buscar negociações relevantes para seu país'. Leia-se, buscar o regaço largo dos EUA, implodindo uma união regional que nem a crise conseguiu arranhar --e que poderá se fortalecer se o colapso financeiro dos ricos for exorcizado pela retomada do ativismo estatal na região. A frente paraguaia mostra os dentes com objetivos explícitos: apoiar o golpe; através dele, criar um contencioso capaz deter a espiral soberana e progressista em curso no Brasil e na América Latina. Leia nesta pág. a entrevista do assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, sobre o assunto.(LEIA MAIS AQUI)
(Carta Maior; 4ª feira/04/07/2012)

"Decisão do ingresso da Venezuela no Mercosul foi por 3x0"

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Golpistas paraguaios forjaram denúncia contra Venezuela

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Quem quiser se manter informado sobre os desdobramentos do golpe “institucional” no Paraguai não pode se restringir à grande imprensa, a menos que pretenda ser enganado. A mídia publica mentiras abertamente e não ouve todos os lados envolvidos.
Um belo exemplo está em artigo do ex-chanceler do governo Fernando Henrique Cardoso, Celso Lafer, publicado na Folha de São Paulo de quarta-feira, 4 de julho. Chega a ser desalentador ver um diplomata mentir de forma tão grosseira.
Sob o título “Ilegalidade da incorporação da Venezuela”, assim como o resto da oposição ao governo Dilma Rousseff o diplomata distorce fatos e mente de forma escancarada. Trecho do artigo reproduzido a seguir permite constatar isso com clareza.
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Trecho do artigo de Celso Lafer na Folha de São Paulo de 4 de julho de 2012
(…)
O Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, prevê adesões, mas estabelece que sua aprovação “será objeto de decisão unânime dos Estados-partes” (artigo 20). Não vou discutir os critérios que levaram Argentina, Brasil e Uruguai a considerar, invocando o Protocolo de Ushuaia, que houve ruptura da ordem democrática no Paraguai. 
Pondero apenas que foi uma decisão tomada com celeridade semelhante à que caracterizou o impeachment do presidente Lugo e que ela não levou em conta o passo prévio previsto no artigo 4 do referido protocolo: “No caso de ruptura da ordem democrática em um Estado-parte do presente protocolo, os demais Estados-partes promoverão as consultas pertinentes entre si e com o Estado afetado”.
(…)
—–
Esse artigo 4º do Protocolo de Ushuaia vem sendo martelado sem parar pela mídia e pelos golpistas paraguaios. O que é quase inacreditável é que o diplomata “tucano” e o resto da imprensa golpista simplesmente fazem de conta que os artigos 5º e 6º  do mesmo Protocolo não existem.
Leia, abaixo, o que mídia, golpistas, políticos e diplomatas adeptos do golpismo estão escondendo.
—–
Artigo 5º do Protocolo de Ushuaia
Quando as consultas mencionadas no artigo anterior resultarem infrutíferas, os demais Estados Partes do presente Protocolo, no âmbito específico dos Acordos de Integração vigentes entre eles, considerarão a natureza e o alcance das medidas a serem aplicadas, levando em conta a gravidade da situação existente. Tais medidas compreenderão desde a suspensão do direito de participar nos diferentes órgãos dos respectivos processos de integração até a suspensão dos direitos e obrigações resultantes destes processos.
Artigo 6º do Protocolo de Ushuaia
As medidas previstas no artigo 5º precedente serão adotadas por consenso pelos Estados Partes do presente Protocolo, conforme o caso e em conformidade com os Acordos de Integração vigentes entre eles, e comunicadas ao Estado afetado, que não participará do processo decisório pertinente.
—–
Como se vê, as manipulações são grosseiras. Contudo, a última dessas manipulações talvez seja até mais grave. Nesta semana, os golpistas paraguaios vieram com uma história maluca de que “Hugo Chávez” e “Rafael Correa” teriam tentado promover um levante de militares paraguaios contra o processo ilegal que derrubou Fernando Lugo.
Veja, abaixo, matéria da Folha sobre as “denúncias” dos golpistas paraguaios contra a Venezuela e o Equador.
—–
Folha de São Paulo
4 de julho de 2012
Paraguai exibe “provas” de ação de Chávez
Assunção divulga vídeo que diz comprovar tentativa da Venezuela de insuflar golpe militar
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DE BRASÍLIA
O novo governo paraguaio apresentou ontem vídeos que, segundo ele, comprovam que o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, se reuniu com o alto comando militar do Paraguai antes da deposição de Fernando Lugo da Presidência.
Além do ministro do governo Hugo Chávez, o embaixador equatoriano Julio Prado estaria no encontro.
“Tenho certeza de que serão entregues [cópias das gravações] aos órgãos responsáveis”, afirmou a ministra da Defesa do Paraguai, María Liz García, durante entrevista.
Ela e o presidente Federico Franco acusaram na semana passada os governos da Venezuela e do Equador de tentar promover levante dos militares paraguaios para que Lugo permanecesse no poder.
As imagens divulgadas ontem mostram que os comandantes das Forças Armadas paraguaias e o chanceler venezuelano estavam presentes no palácio do governo, em Assunção, no dia 22 de junho, momentos antes de o Congresso aprovar o impeachment, em processo que durou pouco mais de 30 horas.
(…)
—–
A grosseria dessa acusação é espantosa. E mais espantosa ainda é a mídia brasileira divulgar o vídeo usado pelos golpistas paraguaios para “comprovar” a “ingerência” de Venezuela e Equador e não mostrar o vídeo usado pelo governo venezuelano para rebater essa acusação.
O vídeo original, manipulado pelos golpistas, foi apresentado na terça-feira (3.7) pela rede de televisão venezuelana TeleSUR. Mostra que o chanceler venezuelano Nicolás Maduro não se reuniu sozinho com os militares paraguaios pouco antes da queda de Lugo, como afirmam os golpistas.
A filmagem original foi feita por uma câmera de segurança e tem aproximadamente três minutos de duração. E mostra que, à diferença da acusação da chancelaria paraguaia, o chanceler venezuelano não tentou “incitar” uma sublevação militar contra a decisão do congresso paraguaio.
Chega a ser ridícula a acusação e mais ridículo ainda é a mídia brasileira dar eco a ela sem demonstrar a farsa que foi tentada pelos golpistas paraguaios após a sucessão de farsas que vêm encenando.
Ora, qualquer um que tenha acompanhado o caso sabe que os chanceleres da Unasul foram despachados às pressas para o Paraguai na véspera da sessão do congresso desse país que derrubou o então presidente Fernando Lugo.
A diferença do vídeo apresentado na terça-feira pela ministra da defesa do Paraguai, María Liz García, e emitido pela rede Telefuturo é a de que mostra apenas um segmento das imagens no qual se vê apenas o chanceler venezuelano reunido com chefes militares paraguaios.
No entanto, o vídeo completo mostra que na tal reunião estiveram presentes, também, os outros chanceleres dos países da Unasul que viajaram às pressas ao Paraguai. Inclusive com a participação do Secretário Geral do organismo, Alí Rodrigues Araque.
Todos os chanceleres dos países da Unasul já confirmaram que se reuniram com a comitiva militar para avaliar a situação política paraguaia e para saberem dela se as forças armadas tinham participação na iniciativa do congresso de depor o presidente constitucional do país.
O vídeo manipulado foi divulgado por ordem do “presidente” golpista Federico Franco, segundo informações do Assessor Especial da Presidência da República do Brasil para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Assista, abaixo, primeiro ao vídeo divulgado pelos golpistas paraguaios e, em seguida, o vídeo na íntegra, divulgado pela TeleSUR.
—–
Vídeo paraguaio
Vídeo venezuelano