sábado, janeiro 30, 2010

Mais um desabamento em São Paulo

Serra desaba apesar da blindagem do PIG 
   Pesquisa Vox Populi para presidente

José Serra (PSDB) – 46% > 38% (caiu 8 pontos)
Dilma Rousseff (PT) – 21% > 29% (subiu 8 pontos)
Marina Silva (PV) – 11% > 8% (caiu 2 pontos)


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Privatização do sistema de barragens agravou cheias em São Paulo, denuncia especialista

O agravamento das enchentes em São Paulo não ocorre apenas pelo volume de chuvas, mas também por erros no gerenciamento das barragens que represam as águas do rio Tietê. A denúncia é do economista e ambientalista José Arraes – membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê, do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do Conselho Gestor da APA (Área de Proteção Ambiental) da várzea do Tietê.Segundo ele, as barragens deveriam ter sido parcialmente esvaziadas antes do período chuvoso, de forma que pudessem absorver o excesso de água. Isso não aconteceu, suspeita Arraes, devido à privatização do sistema que controla a vazão das barragens.



“Existe um consórcio de empresas. (...) Toda a água represada em todas as barragens do Sistema do Alto Tietê são gerenciadas por esse consórcio. Quanto mais cheias as represas, mais interessantes para o consórcio. Interesse comercial, nada mais do que isso”, afirma.
Leia abaixo a íntegra da entrevista, concedida à repórter Conceição Lemes, do blog Vi o Mundo:
Viomundo – O senhor já fez essa denúncia aos órgãos públicos?
José Arraes – Claro. Denunciamos à Sabesp e ao Daee [Departamento de Águas e Energia Elétrica], órgãos do governo do Estado de São Paulo, que as barragens do Alto Tietê estavam excessivamente cheias para o verão. Fizemos isso no final de 2009.
Viomundo – E aí?
José Arraes – Nenhuma providência foi tomada. Aliás, em 2009, duas coisas muito estranhas ocorreram no gerenciamento das barragens do Alto Tietê. No início do ano, a Sabesp e o Daee praticamente secaram o Tietê e encheram os reservatórios. Em Mogi das Cruzes, o rio ficou vários meses com apenas 20 centímetros de lâmina de água. No final do ano, as barragens estavam muito lotadas para a época. Há 13 anos acompanhamos esse processo e sabemos que o Daee e a Sabesp reservam cotas nas barragens, prevendo as cheias do verão. Em 2009, não fizeram isso. Resultado: chegamos a dezembro com a quase a totalidade das principais barragens cheias. Um absurdo!
Viomundo – Por que a Sabesp e o Daee mantiveram as barragens lotadas?
José Arraes – Eu desconfio de um destes esquemas. Primeiro: para não faltar água para a Região Metropolitana de São Paulo. Assim, pode ter havido determinação governamental para estarem na cota máxima. Segundo: a Sabesp e o Daee já estarem aumentando o volume das represas, visando aumentar a produção da Estação de Tratamento de Água Taiaçupeba de 10 metros cúbicos por segundo para 15 metros cúbicos por segundo (10m³/s para 15m³/s) . Terceira: a privatização do Sistema Produtor de Água do Alto Tietê – chamado SPAT. Hoje é um consórcio de empresas privadas que regula, administra, mantém e fornece as águas que estão represadas nessas barragens.
Viomundo – Por favor, explique melhor isso.
José Arraes – Existe um consórcio de empresas – entre elas, uma empreiteira conhecida na nossa região, a Queiroz Galvão –, que hoje gerencia as águas reservadas nas represas em uma parceria público-privada. Toda a água represada em todas as barragens do Sistema do Alto Tietê são gerenciadas por esse consórcio. Quanto mais cheias as represas, mais interessantes para o consórcio. Interesse comercial, nada mais do que isso.
Viomundo – Quer dizer que as águas das barragens do Alto Tietê estão privatizadas?
José Arraes – Sim. As empresas do consórcio fazem a conservação das barragens e a intermediação com a necessidade da Sabesp que a trata e remete para a população. Logo, para o consórcio de empresas, quanto mais cheias estiverem as barragens, mais água fornece para a Sabesp. Mais ganhos financeiros, portanto.
Viomundo – Qual das três hipóteses é a mais provável?
José Arraes – Talvez a combinação das três. Cabe ao Ministério Público investigar. O fato é que as barragens do Alto Tietê estão excessivamente cheias e as comportas estão sendo abertas, contribuindo com as inundações em toda a calha do rio até a região do Pantanal.
Viomundo – Quantas barragens há no Sistema Alto Tietê?
José Arraes – Temos cinco: Paraitinga, Biritiba-Mirim, Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçubepa, onde existe também uma estação de tratamento de água da Sabesp. As barragens são como caixas d’água para a cidade de São Paulo.
Viomundo – Qual a capacidade de cada uma?
José Arraes – A de Paraitinga [município de Salesópolis], tem capacidade para 37 milhões de metros cúbicos, e está com 92% da sua capacidade. A de Biritiba-Mirim [no município do mesmo nome], 35 milhões de metros cúbicos, está com 94%. A de Jundiaí [fica em Mogi das Cruzes], 84 milhões de metros cúbicos e 97% de cheia. A de Ponte Nova, 300 milhões de metros cúbicos; está com 73%. A de Taiaçubepa [entre Mogi das Cruzes e Suzano] tem capacidade para 82 milhões de metros cúbicos, está com 73% de cheia.
Viomundo – Quais estão soltando água?
José Arraes – Todas. No sábado, 23 de janeiro, a de Paraitinga estava vazando 5m³/ A de Jundiaí, 2m³/s. Biritiba-Mirim, 1m³/s. Taiaçupeba, 5m³/s. A de Ponte Nova, 0,5m³/s.
Viomundo – Mas as barragens normalmente liberam água o tempo todo?
José Arraes – Liberam, mas em pouquíssimas quantidades. É para o rio não perder as suas características. Em condições normais, liberam entre 0,5m³/s a 2 ou 3m³/s, no máximo.
Viomundo – Então quanto está sendo vazado?
José Arraes – Se você somar as vazões de Paraitinga, Taiaçupeba, Jundiaí e Biritiba-Mirim, são 12m³/s. É bem maior que os 10m³/s que a Sabesp está tratando em Taiaçupeba. É uma enormidade de água. Para você ter uma dimensão do volume, você abastece toda a cidade de Mogi, que tem 400 mil habitantes, com 3m³/s. E o mais complicado é que as barragens de Paraitinga, Biriba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba vazam para rios afluentes diretos do rio Tietê. É por isso que o Pantanal está cheio. As águas vazadas já chegaram até aí. Se você libera pouca água no rio, não causa transtorno nenhum. Agora, o transtorno é liberar 5, 6, 12m³/s no rio. É água demais! Acrescida das quantidades das chuvas deste verão, piora a situação.
Viomundo – É preciso liberar as águas das barragens?
José Arraes – Agora, tem de abrir as comportas, não tem outro jeito, pois as barragens estão cheias e vão transbordar. O grande erro foi deixar as barragens acumularem tanta água antes das chuvas do verão. No momento, estão tendo de soltar muita água.
Viomundo – Ou seja, estão abrindo as comportas na época errada. Quando isso deveria ter começado?
José Arraes – O normal seria o vazamento controlado ter começado por volta de agosto, setembro, para que, agora, no verão, as barragens estivessem mais vazias para receber as águas das chuvas e não transbordar.
Viomundo – Não fizeram isso?
José Arraes – Não, não fizeram. Ou se fizeram, não foi corretamente. O fato é que as nossas barragens não poderiam chegar à época de chuvas com 90% da sua capacidade preenchida. De forma que o Pantanal provavelmente ainda vai ter muita enchente, porque as chuvas vão continuar. A Sabesp e o Daee não vão parar de vazar agora, pois há risco de essas barragens extravasarem e inundar toda a região de Mogi das Cruzes, Paraisópolis, Ferraz de Vasconcellos, Suzano, Biriti-Mirim e até São Paulo.
Viomundo – É verdade que essas barragens podem se romper se as comportas não são abertas?
José Arraes – Romper, eu não acredito. Mas poderiam extravasar, ou seja, passar por cima da barragem. Se isso acontecer, você pode perder o controle da vazão. Diferentemente de quando você abre as comportas e limita a vazão do quanto é necessário. Por isso, a nossa preocupação é também com o extravasamento dessas barragens. Elas podem encher tanto que a água começará a passar por cima dos vertedouros. Isso é perigoso. Se vier a acontecer, as águas chegariam fatalmente a São Paulo.
Viomundo – A Sabesp alega que as barragens foram mantidas cheias, por causa do risco de estiagem em 2009. Há também quem diga que não se poderia ter bola de cristal para prever as chuvas dos últimos dias.
José Arraes – Balela. A Sabesp e principalmente o Daee têm o registro das chuvas dos últimos 20, 30 anos. Todos sabem que são cíclicas. De cinco em cinco, de dez em dez anos, há um período de chuvas mais fortes. Então a Sabesp e o Daee deveriam ter se prevenido há muito mais tempo. Eu acho que não tem perdão para o que está acontecendo. É falta de gerenciamento mesmo.
Viomundo – Com que volume as barragens deveriam ter entrado na estação chuvosa?
José Arraes – Do jeito que está chovendo este ano, elas deveriam estar bem baixas. Questão de prevenção. Há cálculos matemáticos para se estabelecer esses níveis, mas eu não saberia fazê-los e te dizer quanto.
Viomundo – Será que pensaram que São Pedro fosse dar uma mãozinha para São Paulo?
José Arraes – Como poderiam aguardar a ajuda de São Pedro, se a Sabesp e o Daee sabem que chove bastante de períodos em períodos. Foi uma grande irresponsabilidade.
Viomundo – A Sabesp e o Daee só se preocuparam com o abastecimento de água e se descuidaram das enchentes?
José Arraes – Aparentemente é o que aconteceu. Lembre-se de que a água tratada gera lucro.
Viomundo – A região do Pantanal encheu, de novo, de repente, a partir do sábado no final da tarde. Para isso ter ocorrido no sábado, quando as comportas começaram a ser abertas?
José Arraes – O dia exato eu não saberia dizer, mas foi mais ou menos há 20 dias. Foi mais ou menos quando o governador José Serra noticiou que havia autorizado a abertura das comportas.
Viomundo – Demora tanto tempo para chegar aqui embaixo, na capital, na região do Pantanal?
José Arraes – Demora. Não é imediatamente. O Tietê é um rio de planície, não tem velocidade e correnteza. Tem uma vazão muito pequena. Quando são abertas as comportas, as águas demoram mais ou menos 10 a 15 dias para chegar a São Paulo, dependendo ainda do assoreamento do rio. O fato é que as comportas já estão abertas há vários dias.
Viomundo – Conversei com várias lideranças comunitárias sobre isso. Nenhuma foi comunicada da abertura das comportas. Segundo Ronaldo Delfino, do Pantanal, talvez a Defesa Civil também não tenha sido alertada, pois muitos moradores acionaram-na e não foram socorridos. Ligavam, ligavam, ligavam, só dava ocupado, “como se o telefone estivesse fora do gancho”.
José Arraes – Infelizmente, em geral, as populações não são comunicadas com antecedência. São alertadas pela televisão, mas só DEPOIS. É um erro muito grave, que pode custar vidas.
Viomundo – Pelo noticiário, as chuvas dos últimos dias são apontadas pelas autoridades como as responsáveis pela nova e maior inundação do Pantanal. O que o senhor acha?
José Arraes – As chuvas podem até ter contribuído, mas a causa mais importante dessa nova inundação é que as barragens do sistema do Alto Tietê estão vazando água. E como Tietê está assoreado, o rio extravasa, inundando a várzea.
Viomundo -- Reportagem publicada pelo Viomundo denunciou que o Tietê da barragem da Penha até o Cebolão pode ter ficado sem ser desassoreado em 2006, 2007 e 2008 (até outubro) e contribuído para as enchentes históricas de 8 de setembro e 8 de dezembro? Como está o rio acima da barragem da Penha?
José Arraes – De Biritiba-Mirim até barragem da Penha está um horror, todo assoreado. Há muitos anos não são retirados os resíduos acumulados no fundo do Tietê. São mais ou menos uns 70 quilômetros de extensão. É um Deus nos acuda tentar convencer os órgãos do governo do Estado de que é preciso desassorear o rio.
Viomundo – O que fazer agora?
José Arraes – O que o Daee e a Sabesp estão fazendo é fruto de uma irresponsabilidade total. Nós temos denunciado isso, mas a nossa voz ainda é muito incipiente. Até as autoridades do governo do Estado levarem em consideração o que dissemos mais inundações ocorrerão, mais pessoas perderão pertences, algumas até a própria vida. O único caminho que nós temos é denunciar ao Ministério Público do Estado. Se for o caso, até ao Ministério Público Federal. É, insisto, o nosso único caminho.

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sexta-feira, janeiro 29, 2010

Embargos dos EUA contra o desenvolvimento do Brasil nas áreas de tecnologia aeronáutica, espacial e defesa.

O EMBARGO GRINGO AO BRASIL

Atualizado em 29 de janeiro de 2010 às 12:28 | Publicado em 29 de janeiro de 2010 às 12:26



Uma explicação sobre a importância da P&D.
http://www.viomundo.com.br/tv/o-embargo-gringo-ao-brasil/


Transferência de tecnologia militar do caça F-18 Super Hornet para o Brasil no F-X2 ? Este vídeo é esclarecedor.
Entenda porque o PIG e os tucanos defendem o caça americano.
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TCU DEMOTUCANO QUER PARAR O BRASIL E DESEMPREGAR VOCÊ





                                   José Jorge, ministro do apagão de FHC e vice de Alckmin 



TCU TENTA ELEGER JOSÉ SERRA

"O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) rebateu ontem as críticas da oposição de que o Presidente Lula "tratorou" o Congresso Nacional ao liberar obras que foram vetadas pelo Legislativo no Orçamento Geral da União, aprovado no fim de 2009. Padilha disse que Lula tem a prerrogativa [legal] de vetar matérias que considera necessárias, especialmente porque agiu com o apoio de parlamentares governistas e da oposição.

"O coordenador do comitê de obras irregulares da Comissão Mista de Orçamento é um deputado do DEM, deputado Carlos Melles [MG]. Ele, na semana passada, em avaliação que fez em reunião de trabalho junto com outros deputados da oposição, levou a impressão do comitê de que solicitaria a retirada dessas obras. Também foi posição do presidente da Comissão Mista de Orçamento e de outros deputados que dela fazem parte", disse Padilha.

Padilha disse que, além do apelo de parlamentares e de governadores e empresários, Lula decidiu liberar as obras para manter o emprego de 25 mil trabalhadores. "Manter as obras das refinarias em quatro Estados [PR, PE, RJ e ES] é fundamental para manter pelo menos mais de 25 mil empregos. Essa não foi decisão que o presidente tomou isolado", disse o ministro.

Há muito tempo, este blog tem denunciado que o TCU está aparelhado por políticos do DEM e PSDB. O DEM já anunciou que exige que o governador José Serra tenha um vice do Partido. Antes do escândalo em Brasília, o nome mais cotado era o do governador Arruda. O TCU, tão rigoroso com as obras do PAC, faz vista grossa quando se trata de obras superfaturadas em São Paulo.

Sobre a recomendação do TCU de paralisar obras do PAC, chama atenção, no relatório do TCU, a ausência de [recomendação de paralisação de] obras de São Paulo. Um exemplo é o Rodoanel, vitrine do presidenciável José Serra. Quem dá a ordem de paralisação são dois ministros originários do DEM: Aroldo Cedraz, da bancada de ACM, e José Jorge, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin em 2006 e ex-senador do DEM de Pernambuco..."

FONTE: publicado hoje (29/01) no blog "Os amigos do Presidente Lula".

quarta-feira, janeiro 27, 2010

DILMA DISPARA NO RIO E EM PERNAMBUCO




Vox Populi: Dilma tem 45% e Serra 23% em Pernambuco
    
 A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, alcançou em Pernambuco, na primeira quinzena deste mês, quase o dobro das intenções de voto do pré-candidato do PSDB, José Serra, informa pesquisa do instituto Vox Populi encomendada pela Rede Bandeirantes e divulgada na edição de ontem do Jornal da Noite. De acordo com o Vox Populi, Dilma obteve 45%, Serra 23%, Ciro (PSB) 9% e Marina (PV) 3%.


 Os resultados apurados em Pernambuco fazem parte de uma pesquisa de âmbito nacional realizada junto a 2.000 eleitores de todas as regiões entre os dias 14 e 17 de janeiro.
     
 No fim da semana passada, o Jornal da Band havia divulgado os resultados que o Vox Populi apurou no Rio de Janeiro sobre a disputa presidencial. Eles mostram um empate técnico entre Serra (27%) e Dilma (26%), dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Ainda no Rio, terceiro maior colégio eleitoral do país, Ciro Gomes obteve 14% e Marina Silva 9%.
    
Dilma, que estará amanhã em Pernambuco, esteve hoje no Rio, onde iniciou seu dia com entrevista na Rádio Tupi AM. Enfatizou que a Saúde e a Educação terão espaço destacado em sua plataforma de campanha e anunciou “um PAC da creche e um PAC do ensino superior. Um tem tudo a ver com o outro. Para ter uma boa creche, é preciso ter uma universidade que forme bons professores”.
  
 À tarde, acompanhando o presidente Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes, a ministra participou da inauguração da creche Zilda Arns e da praça Nossa Senhora Aparecida, obras financiadas pelo PAC na Colônia Juliano Moreira,  que está sendo urbanizada no bairro de Jacarepaguá com orçamento de R$ 142 milhões – R$ 112 milhões do governo federal e R$ 20 milhões da Prefeitura. As obras e serviços beneficiarão 6.200 famílias.


De: http://www.brasiliaconfidencial.inf.br/?p=8415


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De: Cidadania.com
por Edu Guimarães


Dilma dispara também em Pernambuco

Foi adiada a divulgação dos números consolidados de todos os Estados na pesquisa Vox Populi sobre a sucessão presidencial. O Jornal da Noite, da TV Bandeirantes, que prometera divulgar os números nacionais ontem à noite, divulgou apenas outra parcial, agora do Estado de Pernambuco, tão surpreendente quanto a parcial do Rio.
Se não conseguir
assistir ao vídeo [ http://videos.band.com.br/v_47709_eleicao_fechada_em_pe.htm ], leia, abaixo, a transcrição que fiz da locução do âncora do telejornal Fernando Mitre:




O presidente Lula já está em plena ofensiva para convencer Ciro Gomes a se retirar da disputa presidencial. Além de uma reunião com o governador de Pernambuco, presidente do PSB, agendada para esta terça-feira, há outros esforços dirigidos do Planalto.
Aliás, Pernambuco vai ter um peso especial no resultado da próxima pesquisa nacional de intenção de votos que o instituto Vox Populi divulga ainda esta semana. Os números de Pernambuco já estão fechados.
São esses: 45% para Dilma Rousseff, 23% para José Serra, 9% para Ciro Gomes e 3% para Marina Silva.
Ciro, como se vê, está aí meio achatado, mas há outro dado que pode ser fundamental: 53% dos pernambucanos – 53%! – dizem que votarão no nome indicado por Lula, seja ele de quem for. Claro que muitos, por lá, não sabem que Dilma é o nome
.




Escrito por Eduardo Guimarães às 05h42


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27/janeiro/2010 12:49



Na foto, Guerra ao saber da última pesquisa da Voz Populi
O Conversa Afiada reproduz o Blog do Azenha:
Guerra: Amigo do PAC em Pernambuco, inimigo fora
Atualizado em 26 de janeiro de 2010 às 23:13 | Publicado em 26 de janeiro de 2010 às 22:06
por Luiz Carlos Azenha
Em anúncio assinado pelo PSDB, postado no You Tube do senador Sergio Guerra, ele diz: “Negociei pessoalmente a ampliação da ferrovia Transnordestina, para beneficiar o agreste e o sertão”. Para ver, clique aqui.
Trata-se de uma obra do PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento.
Uma obra que vai gerar 7 mil empregos, como você pode ler aqui.
Quer ver o anúncio do PAC falando sobre a Transnordestina? Clique aqui.
Ao que tudo indica, trata-se de comercial voltado apenas para o público pernambuco.
Sim, porque o senador Sérgio Guerra é aquele que, em entrevista à revista Veja, disse:
Se ganharmos, agiremos rápida e objetivamente. A forma de fazer será discutida no momento adequado. Haverá um Ministério do Planejamento que realmente planeje, e não o desastre que está aí hoje. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não se realizou. Não há prioridades programáticas, só números inflados. Apenas os projetos eleitoreiros, os que têm padrinhos políticos, estão andando. As estradas estão esburacadas, os aeroportos estão na iminência de outro apagão, a infraestrutura de transportes, como os portos, foi entregue a políticos e a grupos de pressão. Isso é o PAC na realidade – e nós vamos acabar com ele.
Para ler a íntegra, clique aqui.
O que me leva a concluir que existe um Guerra amigo do PAC em Pernambuco e um Guerra inimigo do PAC no resto do Brasil.

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Médicos de Cuba en Haití: la solidaridad silenciada


cubainformacion.tv


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terça-feira, janeiro 26, 2010

A cidade de São Paulo tem um dos mais baixos índices de inclusão de beneficiários no Bolsa Família entre as capitais brasileiras por falta de cadastros




Sem receber recursos para investir na gestão local do programa desde agosto de 2008, por não cumprir as exigências do Índice de Gestão Descentralizada (IGD), a Prefeitura não teria capacidade financeira e técnica para desenvolver a ação de cadastramento da população com renda mensal per capita de até meio salário mínimo sem o apoio financeiro do MDS



MDS destina R$ 4 milhões para cadastramento da
população pobre na cidade de São Paulo


            O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) vai repassar R$ 4 milhões à Prefeitura de São Paulo, até 1º de julho de 2010, a título de apoio financeiro para o cadastramento de cerca de 134 mil famílias, que deverão ser atendidas pelo Programa Bolsa Família. As normas estão definidas no convênio, publicado no Diário Oficial da União de 29 de dezembro de 2009, e assinado pelo ministro Patrus Ananias e pelo prefeito Gilberto Kassab. A primeira parcela no valor de R$ 1,330 milhão foi repassada à capital paulista em 30 de dezembro de 2009.
            A ação do MDS foi necessária para evitar que um grande número de famílias, consideradas as mais vulneráveis, continue sem receber o Bolsa Família por não constar no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. A base de dados é usada pelo programa de transferência de renda e por outras ações como a Tarifa Social e também para  a isenção de taxas em concursos públicos federais -  iniciativas que têm por objetivo melhorar a situação de vida da população de baixa renda.
            A cidade de São Paulo tem um dos mais baixos índices de inclusão de beneficiários no Bolsa Família entre as capitais brasileiras por falta de cadastros. São atendidas cerca de 170 mil famílias, quando a estimativa com renda mensal per capita de até R$ 140,00 – critério do programa – aponta a existência de 327.188 famílias com esse perfil no Município.
            Sem receber recursos para investir na gestão local do programa desde agosto de 2008, por não cumprir as exigências do Índice de Gestão Descentralizada (IGD), a Prefeitura não teria capacidade financeira e técnica para desenvolver a ação de cadastramento da população com renda mensal per capita de até meio salário mínimo sem o apoio financeiro do MDS. Nesse caso, são as famílias pobres que seriam prejudicadas por não terem acesso ao Bolsa Família e a outras políticas de combate à fome e à pobreza. Por esses motivos, o MDS decidiu assinar o acordo com a Prefeitura de São Paulo, com cronograma de trabalho definido por etapas e acompanhamento técnico da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do MDS. O convênio prevê ainda contrapartida da Prefeitura no valor de R$ 344 mi l a serem investidos em bens e serviços, como capacitação de sete equipes para cadastramento e disponibilização de 220 microcomputadores, locação de salas, recursos humanos e materiais.
  O primeiro aporte financeiro será usado para planejamento da ação e contratação, por meio de licitação, de empresa que será responsável pelo cadastramento, conforme prevê plano de trabalho apresentado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, gestora do Bolsa Família no Município.
A inscrição de 45 mil famílias no Cadastro Único deve começar a partir de 1º de fevereiro, quando será liberada a segunda parcela de R$ 1,330 milhão. Além dessas, outras 45 mil famílias devem ser cadastradas até julho deste ano, quando o terceiro e último montante será repassado à Prefeitura. A última etapa inclui o cadastramento de mais 44 mil famílias.
Estimativas – O MDS atualizou as estimativas de população pobre para inclusão no Bolsa Família em abril de 2009, com base  nos Mapas de Pobreza produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o MDS, que reflete de maneira mais fiel alterações socioeconômicas ocorridas nos Municípios e o cenário de pobreza em cada cidade, o que possibilitou a expansão do Bolsa Família para 1,3 milhões de famílias em 2009. O Governo Federal incorporou também um coeficiente de instabilidade de renda da população pobre – calculado pelo IPEA com base na pesquisa mensal de emprego – na elaboração da estimativa. Desde então, houve necessidade de realização de novos cadastros em vários Municípios.
Cerca de 30 cidades ainda precisam cadastrar um total superior a 450 mil famílias, mas nenhuma delas chega à metade da necessidade de São Paulo. Fortaleza, por exemplo, tem que fazer o cadastro de 32 mil famílias e Salvador de 31,7 mil (veja quadro abaixo). Sem a inclusão dessas famílias no Cadastro Único, o MDS enfrentará dificuldades para cumprir a meta de atendimento de 12,9 milhões de famílias com a transferência condicionada de renda em 2010.
O MDS transfere mensalmente R$ 1,1 bilhão pelo Bolsa Família para aproximadamente 12,4 milhões de famílias em todos os Municípios brasileiros. Para receber os valores, os beneficiários devem manter os filhos na escola e cumprir a agenda de saúde. As condicionalidades contribuem para a melhoria da situação de vida da geração futura e os benefícios transferidos são investidos basicamente em alimentação, material escolar e vestuário infantil. O programa, aliado a outras políticas como ganho real do salário mínimo e acesso ao microcrédito, eleva o consumo da população de baixa renda e movimenta a economia local.


Unidade da Federação
Município
Famílias que precisam ser cadastradas
São Paulo
São Paulo
155.165
Ceará
Fortaleza
32.009
Bahia
Salvador
31.780
Distrito Federal
Brasília
28.607
Goiás
Goiânia
16.911
Goiás
Aparecida de Goiânia
15.485
Alagoas
Maceió
14.894
Maranhão
São Luís
10.719
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
10.685
São Paulo
Itaquaquecetuba
10.070
Minas Gerais
Ribeirão das Neves
9.971
Mato Grosso do Sul
Campo Grande
8.221
Espírito Santo
Vila Velha
7.835
Maranhão
Imperatriz
7.339
São Paulo
Mauá
7.014
Pará
Belém
6.903
Minas Gerais
Uberlândia
6.759
São Paulo
São Bernardo do Campo
6.607
São Paulo
Osasco
6.142
Ceará
Caucaia
5.996
Rio Grande do Sul
Porto Alegre
5.954
Espírito Santo
Cachoeiro de Itapemirim
5.726
Rio Grande do Norte
Natal
5.134
Rio Grande do Sul
Alvorada
5.133
Rio de Janeiro
São Gonçalo
5.090
Rio Grande do Sul
Viamão
5.000
Espírito Santo
Cariacica
4.949
São Paulo
Suzano
4.857
São Paulo
Francisco Morato
4.790
Sergipe
Aracaju
4.622



Total
450.367



Roseli Garcia




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sábado, janeiro 23, 2010

NO SUCH THING





Quando o desastre é a ‘mídia’
22/1/2010, Tom Engelhardt, TomDispatch http://www.tomdispatch.com/post/175194/tomgram%3A_rebecca_solnit%2C_in_haiti%2C_words_can_kill/
Pouco antes de o Haiti ser devastado pelo mais terrível terremoto ocorrido na ilha em mais de 200 anos, quando o Haiti era devastado exclusivamente pela mais terrível miséria, havia no país um, no máximo dois correspondentes de jornais estrangeiros. Em poucas horas… tudo mudou.
Em apenas um, dois dias, as redes CNN e Fox praticamente já haviam transferido para lá unidades inteiras de operações (verdade que bem reduzidas, em relação ao passado, por anos de maus resultados comerciais).  Anderson Cooper da CNN falou pela primeira vez na manhã da 4a.-feira. Katie chegou no mesmo dia, mais tarde. Quando Diane partiu de Cabul para Port-au-Prince, Brian já havia “tocado a pista” há muito tempo. Com eles, em situação na qual não havia recursos para nada, viajaram pelo menos 44 correspondentes, produtores, técnicos da CNN; 25, da rede Fox, e, com certeza, contingentes semelhantes da CBS, NBC e ABC – todos com suas respectivas ‘células de sobrevivência’.  Com exceção apenas das guerras no Iraque e Afeganistão, segundo o Los Angeles Times, “foi o maior deslocamento de pessoal das televisões norte-americanas, desde o tsunami no sul da Ásia em 2004” – e o custo da operação é obsceno.
No processo, ante olhos que se grudam obcecadamente nas telas de televisão, 24 horas/dia, 7 dias/semana, na ‘mídia’ planetária, “o noticiário internacional” concentrou-se no Haiti, com os logotipos, vinhetas e rufar de tambores de praxe (“Terremoto no Haiti”). As três redes esticaram a duração dos noticiários de meia-hora, e, por horas inteiras, só se falou do Haiti, com apenas alguns minutos para o resto do mundo. Em certo sentido, assim como o terremoto pôs abaixo o Haiti, assim também os departamentos de jornalismo das televisões comerciais norte-americanas puseram abaixo o resto do mundo, com fervor e correspondente linguagem quase religiosos.
Em lugar de notícias sobre eventos mundiais, apareceram infindáveis histórias sobre resgates difíceis (“milagres”) pelas equipes internacionais de socorristas – menos de 150 salvamentos, onde provavelmente permanecem soterrados dezenas de milhares de Haitianos e mais de 200 mil já haviam morrido.  Além dos “milagres”, o tom autocongratulatório dos jornalistas, sobre a generosidade dos norte-americanos e a importância de lá estarem soldados dos EUA (“fazendo a segurança” do aeroporto!) numa situação em que visivelmente a ajuda era insuficiente e muitas pessoas estavam sem qualquer socorro.
E, claro, com o drama dos resgatados, outro tipo de drama: a violência – embora a história real, que alguns jornalistas noticiaram, como que obrigados a noticiar, fosse a notável resistência dos haitianos, a coragem, a disposição de ajudarem-se uns os outros, de começarem a organizar-se, numa situação na qual não havia, de fato, absolutamente nada o que partilhar. Muitos certamente viveram ali momentos decisivos de suas vidas, que ninguém noticiou, entre avalanches de manchetes sobre “violências” e “saques”.
A cobertura foi, além de massiva, sentimentalóide, autocongratulatória e em momento algum destacou a luta pela vida. Dentro de um, dois, três meses, fácil de prever, o Haiti continuará tão devastado quanto hoje e não haverá jornalistas em Port-au-Prince.  Anderson, Diane, Brian, Katie?  Estarão em outro lugar, no ar 24 horas/dia, sete dias por semana.
Em “In Haiti, Words Can Kill” com notícias do passado do povo haitiano e das muitas vezes que sobreviveu a violências naturais e nada-naturais, Rebecca Solnit fala da capacidade de sobrevivência dos haitianos, praticamente sem qualquer ajuda, nem do Estado nem da imprensa. Leia em http://www.tomdispatch.com/post/175194/tomgram%3A_rebecca_solnit%2C_in_haiti%2C_words_can_kill/.
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Você é um paulistano desesperado? Então, fique sabendo...
Desgoverno, caos  e sofrimento humano na degradada São Paulo
Mauro Carrara

Você também não agüenta mais viver em São Paulo? Não vê retorno nos altíssimos impostos pagos ao Governo do Estado e à Prefeitura?
Você já se cansou de passar horas e horas no trânsito? Já não suporta ver semáforos quebrados ou desregulados? Já se indigna com a indústria de multas?
Já precisa tapar o nariz para andar pelas ruas lotadas de lixo?
Já teme perder seu carro numa enchente relâmpago?
Já se apavora ao saber que a cidade praticamente não tem mais polícia, e que são suas orações que protegem seus familiares nos trajetos urbanos?
Já se questiona se o suor do trabalho não é suficiente para lhe garantir um mínimo de eficiência nos serviços públicos?
Já se pergunta por que a imprensa nunca lhe dá respostas?
Já nota que o jornal e o portal de Internet nunca lhe fornecem a explicação que você procura?
Talvez, então, você esteja no grupo dos 57% de paulistanos que deixariam a capital caso pudessem, conforme apurou o Ibope.
Talvez, esteja no time dos 87% que consideram São Paulo um lugar completamente inseguro para se viver.
Mas, afinal, como chegamos a esta situação caótica na maior cidade do Brasil?
Analisaremos questões específicas (enchentes, trânsito, segurança, entre outras) do processo de degradação da qualidade de vida em São Paulo.




Porém, comecemos pelo geral.
1)     Sua angústia, paulistano, tem basicamente três motivos:
a)     A incompetência, a negligência e a imperícia dos grupos que, há muitos e muitos anos, se apoderaram da máquina pública no Estado de S. Paulo. Aqui, o “capitão da província” é sempre da mesma tropa.

b)     O sistema desonesto de blindagem e proteção dessas pessoas pelos veículos de comunicação, especialmente a Folha de S. Paulo, o Estadão, a Rede Globo e a Editora Abril, aquela que publica a Veja.

c)      A vigência de uma filosofia de gestão pública que nem de longe contempla as necessidades humanas. O objetivo da máquina de poder, hoje, em São Paulo, é privilegiar uma pequena máfia de exploradores do Estado e da cidade. O governo dos paulistas e dos paulistanos exige demais, mas oferece de menos.




2)     Em pleno século 21, os velhos políticos ainda administram São Paulo como coronéis de província. São tão arrogantes quanto preguiçosos.

a)     Não temos um plano coordenado de construção de “qualidade de vida” na metrópole, que coordene ações na área de saúde, educação, cultura, transporte e moradia. Todas as outras 9 grandes cidades do mundo têm, hoje, grupos multidisciplinares trabalhando duramente em projetos desse tipo.

b)     Não temos um projeto sério, de longo prazo, para reestruturação e racionalização da malha viária.

c)      Não temos um sistema de transporte coletivo decente. Entre as 10 maiores cidades do mundo, São Paulo é aquela com o menor número de quilômetros servidos por metrô.



3)     Por que a doce chuva virou sua grande inimiga?

a)     Porque os governantes de São Paulo não pensam em você quando autorizam a construção de novos condomínios e habitações. Onde havia terra e árvores, passa a existir concreto. O solo não absorve a água, que corre desesperadamente para o Tietê.

b)     Porque a prefeitura simplesmente abandonou os trabalhos de construção dos piscinões. Você tem medo de morrer afogado no Anhangabaú? Pois bem, os recentes dramas no túnel teriam sido evitados se José Serra e Gilberto Kassab tivessem seguido o projeto de construção dos reservatórios de contenção nas praças 14 Bis e das Bandeiras. Até o dinheirinho já estava garantido, com fundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Mas os dois chefões paulistas consideraram que as obras não eram necessárias. Agora, você paga por este descaso.

c)      Lidar com água, uma das mais importantes forças da natureza, exige pesquisa e conhecimento. Em São Paulo, as obras são feitas de acordo com o humor dos governantes, muitas vezes em regime de urgência. Na pressa, o resultado quase sempre é desastroso. No Grajaú, por exemplo, os erros de engenharia na canalização de córregos acabaram por gerar entupimentos, enchentes e destruição. As famílias da região perderam móveis, eletrodomésticos, roupas e alimentos. Ou seja, obra sem planejamento gera mais prejuízo que benefício.

d)     São Paulo tem a sua Veneza. É o Jardim Romano, que vai afundando a cada enchente. Como se trata de periferia, a prefeitura simplesmente abandonou os projetos de drenagem e captação de águas. O resultado é água imunda dentro das casas, doença e morte. Para minimizar o problema, o governo do Estado resolveu lançar um “carro anfíbio”, apresentado com pompa pelo bombeiros. Será que, não satisfeitos com o estrago, ainda querem rir da cara do cidadão?

e)     O descaso com a cidade pode ser provado facilmente. Um levantamento técnico mostra que o número de pontos de alagamento aumenta assustadoramente de ano para ano. Em 2007, a cidade tinha 9 pontos fixos de alagamento. No ano seguinte, já eram 43. Atualmente, há 152 lugares por onde o paulistano pode perder seu carro durante uma chuva. É isso aí mesmo: 152! Sem dúvida, anda chovendo bastante. Mas não se pode negar que problemas de escoamento estão gerando o caos em áreas antes seguras. É o caso da Avenida Brasil com a Alameda Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins. Quem podia imaginar que até mesmo a região nobre de São Paulo sofreria com alagamentos, lama e fedor insuportável?

f)        O dinheiro que a Prefeitura gasta em câmeras, multadores automáticos e propaganda na imprensa poderia muito bem servir à erradicação de alguns desses problemas. No entanto, o drama da população parece não sensibilizar o prefeito nem o governador. Veja o caso dos alagamentos da Marginal Pinheiros com a Ponte Roberto Rossi Zuccolo. O problema já é grave, mas as obras nem foram contratadas, como admite a prefeitura. No caso da Zachi Narchi com Cruzeiro do Sul, na Zona Norte, a prefeitura limita-se a dizer que há um “projeto para futura implantação”. Tudo muito vago. Nenhuma pressa. No caso da Alcântara Machado (Radial Leste) com Guadalajara, a confissão oficial de incapacidade é assustadora: “as interferências não configuram possibilidades de obras para solucionar o caso de imediato”.




4) Por que São Paulo fede?

a)     Porque a gestão Serra-Kassab simplesmente reduziu em cerca de 17% o investimento em varrição e coleta de lixo, especialmente na periferia. Aliás, limpeza urbana é algo que não se valoriza mesmo em São Paulo, vide as declarações do jornalista Boris Casoy sobre os garis.

b)     Porque os projetos de coleta seletiva e de usinas regionais de reciclagem foram reduzidos, desmantelados ou sumariamente engavetados.

c)      Porque a política de “higienização social” tem dificultado extremamente o trabalho dos catadores e recicladores.

d)     Nem é preciso dizer que o lixo que se amontoa nas ruas da cidade vai parar nos bueiros. Vale notar que, nas enchentes, boa parte do lixo boiando está devidamente ensacado. Trata-se de uma prova irrefutável de que o “porco” nesta história não é o cidadão paulista, mas aquele que o governa.




5) Padarização: por que São Paulo é tão insegura?

a)     O governo Serra praticamente sucateou o sistema de Segurança Pública. Paga mal os agentes da lei e ainda fomenta a rivalidade entre policiais civis e militares.

b)     Em seu ímpeto privatista, o governo paulista incentiva indiretamente os empreendimentos de segurança particular.

c)      Mal pagos, mal aparelhados e mal geridos, os policiais paulistas são o retrato da desmotivação.

d)     Criou-se informalmente um sistema de “padarização” das patrulhas. Normalmente, os agentes da lei se mantêm na porta de uma padaria ou mercado, reduzindo drasticamente as rondas pelas áreas internas dos bairros. De certa forma, acabam se tornando uma guarda particular dos comerciantes locais. Esse fenômeno atinge não somente a periferia da Capital e de outras grandes cidades, mas também os bairros de classe média.

e)     Essa mesma polícia invisível nas ruas, entretanto, ocupou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) durante ato em defesa do Programa Nacional dos Direitos Humanos. Exigiam explicações sobre o encontro... Ora, que terrível bandido se esconderia ali? Ou será que voltamos à época da Operação Bandeirantes, que visava a perseguir os inimigos do regime militar?

f)        Cabe dizer: o pouco que restou da Segurança Pública é resultado do esforço pessoal de policiais (militares e civis) honestos, dedicados, que ainda arriscam a vida para proteger o cidadão. Esses, no entanto, raramente são premiados por suas virtudes.




6) Politicalha na calçada, trânsito, impostos e desrespeito ao cidadão.

a)     Sem qualquer fiscalização da imprensa, o governante paulista julga-se hoje acima da lei. Não precisa dar satisfações a ninguém.

b)     É o caso da Calçada da Fama, já apelidada de Calçada da Lama, no bairro de Santa Cecília. Inspirada na homônima de Hollywood, foi condenada por todos os moradores locais. Mesmo assim, a prefeitura colocou 18 homens da Subprefeitura da Sé para trabalhar na obra (afinal, eles não têm bueiros para limpar). Cabe lembrar que os “testes” de homenagens foram realizados com a colocação de duas estrelas. Uma delas tinha o nome do ex-governador Geraldo Alckmin. A outra, do atual, José Serra, o único governador do Brasil que, entre amigos, se gaba de acordar ao meio-dia.

c)      Para obras desse tipo, supõe-se, o prefeito Kassab busca um “aumentaço” no IPTU, tanto para imóveis comerciais quanto residenciais.

d)     Cedendo ao cartel das empresas de ônibus, Kassab também decretou aumento nas passagens, de R$ 2,30 para R$ 2,70. A poucos metros da Câmara dos Vereadores, com bombas de efeito moral e balas de borracha, a polícia de Serra reprimiu violentamente os estudantes que tentavam se manifestar contra a majoração. Agressão desse tipo, aliás, já tinha sido vista na USP, em episódio que lembrou a invasão da PUC-SP por Erasmo Dias, em 1977.

e)     Se o trânsito é cada vez mais caótico em São Paulo, raras são as ações destinadas a reformar a malha viária, revitalizar o transporte público e constituir um sistema inteligente e integrado de locomoção urbana. Os técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego ainda planejam suas ações conforme modelos da década de 60. A obsolescência no campo do conhecimento é a marca da gestão da CET.

f)        Se o tráfego paulistano é um horror, confuso e mal gerido, o mesmo não se pode dizer da indústria de multas. Em 2009, foram arrecadados R$ 473,3 milhões, valor maior do que o orçamento de cinco capitais brasileiras. Só 62 municípios do Brasil recebem, entre todos os tributos, aquilo que o governo paulistano obtém com esse expediente punitivo.

g)     Com esse valor, seria possível instalar 2 mil semáforos inteligentes (raros aqueles em perfeito funcionamento na cidade) e 40 terminais de ônibus.

h)      Curiosamente, se falta dinheiro para a reforma dos equipamentos de controle de trânsito, sobra para a compra de radares e aplicadores de multas. Foram 105 novos aparelhos em 2009. E a prefeitura projeta a instalação de pelo menos mais 300 em 2010.

i)        Se os radares estão atentos ao motorista, dispostos a lhe arrancar até o último centavo, também é certo que não há olhos para as máfias de fiscais nas subprefeituras, especialmente na coleta diária de propinas nas áreas de ambulantes. Em 2008, membros da alta cúpula da subprefeitura da Mooca foram protagonistas de um escândalo, logo abafado pela imprensa paulistana. Hoje, os esquemas de cobrança ilícita seguem firmes e fortes. Faturam milhões, à luz do dia, na região do Brás, da Rua 25 de Março e da Lapa, entre outros, conforme denúncias dos próprios camelôs.




7) Até para fugir, o paulistano pagará caro... Dá-lhe pedágio!

a) Alguns governantes tornam-se conhecidos por construir estradas. Outros, por lotá-las de pedágios e fazer a festa de seus apoiadores de campanha. É o caso de José Serra. Em média, um novo pedágio é implantado em São Paulo a cada 30 dias. O ritmo de inaugurações deve crescer em 2010. Somente nas estradas do litoral, o governador quer implantar mais dez pedágios.

b) José Serra desistiu temporariamente de sua ideia obsessiva de implantar pedágios também nas marginais do Tietê e do Pinheiros. O desgaste político poderia inviabilizar, de uma vez por todas, seu projeto de ocupar a presidência da República.

c) Fora dos centros urbanos, entretanto, a farra do pedágio continua. Em Engenheiro Coelho, na região de Campinas, por exemplo, uma família já precisa pagar pedágio para se deslocar de um lado a outro de seu sítio, cortado pela rodovia General Milton Tavares de Souza (SP-332). Agora, para cuidar do gado, os sitiantes precisam pagar a José Serra e seus amigos da indústria do pedágio. Nessa e em outras cidades, o cerco dos pedágios deixam “ilhados” moradores da zona rural e de condomínios habitacionais. Nem mesmo o “direito de ir e vir” é respeitado.




Como resgatar São Paulo

Nos últimos anos, São Paulo vem sendo destruída e seus cidadãos humilhados. Está perdendo seu charme e carisma. Aumenta-se a carga de impostos, ao passo que os direitos básicos do cidadão são negados pela autoridade pública.

Mas nada comove a imprensa surda, muda e partidarizada. As enchentes, o lixo acumulado, as obras inacabadas, o apagão no trânsito, a fábrica de analfabetos do esquema de “aprovação automática”, as máfias de propinas, a falta de segurança e a fábrica de multas não sensibilizam os jornalistas.

A ordem nas redações é botar a culpa na sorte, nas gestões anteriores ou em São Pedro. Nenhuma tragédia é atribuída aos governantes locais. Jamais.

Quando a cratera do metrô engoliu trabalhadores, pais e mães de família, a imprensa silenciou sobre a culpa daqueles que deveriam fiscalizar a obra.

E o prefeito Gilberto Kassab ainda se divertiu, transformando a tragédia alheia em piada. Nem a Folha nem o Estadão escreveram editoriais indignados sobre o episódio.

A imprensa também se fez de boba quando a ponte do Rodoanel desabou sobre a pista, destruindo veículos e ferindo pessoas.

Aliás, os jornais estampam enormes manchetes quando se constata qualquer atraso em alguma obra do PAC. Mas não encontram relevância no atraso das obras do Rodoanel.

Já são doze anos de embromação, casos de superfaturamento e destruição do patrimônio natural nos canteiros de obras.

Na Capital, José Serra e Gilberto Kassab criaram fama ao inventar a lei “Cidade Limpa”, uma restrição sígnica ao estilo “talebã” que deixaria os habitantes de Nova York e Tóquio perplexos.

Eliminaram praticamente toda a publicidade local e, automaticamente, canalizaram milhões e milhões de Reais para jornais, TVs, rádios e portais de Internet. Um golpe de mestres.

Portanto, aquele que sofre diariamente em São Paulo precisa urgentemente revisar seus conceitos políticos, reeducar-se para a leitura dos produtos noticiosos e mobilizar-se para viabilizar a urgente mudança. Se São Paulo pode ser salva, será você, paulistano sofrido, o artífice dessa proeza.

* Mauro Carrara é jornalista, paulistano, nascido no Brás, em 1939.


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