domingo, agosto 09, 2009

Como enfrentar o PIG?

Um debate totalmente previsível

Eu não vi muita coisa de muito proveitosa, no debate. O próprio debate, é claro, é alguma coisa, mas não é grande coisa.
 
Foi debate totalmente previsível: era olhar e ver o que cada debatedor diria. Essa sensação, aliás, de sentir que posso adivinhar o que cada um dirá (e ninguém JAMAIS vai além do que eu adivinho que diga-faça) é uma das razões pelas quais não assisto mais a esses 'debates': são chatíssimos.
 
Não houve absolutamente NENHUMA novidade: uns pediram mais Estado e outros pediram mais jornalismo -- DUAS coisas que já há demais, em excesso e das quais todos precisamos ter MENOS, não mais. Além do mais, nunca basta pedir mais (de coisa alguma); é sempre indispensável pedir mais e melhor.
 
No de que aqui se fala, por exemplo: quem queira pedir MAIS, que, antes, peça MELHOR:
 
-- Estado (o qual só interessa se for radicalmente democrático).
 
O que significa alguém pedir "mais Estado", se não diz que tipo de Estado interessaria? Alguém quer mais Estado tucano-pefelê-udenista-golpista? Claro que não.
 
Então, se alguém não diz que tipo de Estado quer, esse alguém diz TOTALMENTE-NADA, se diz que quer "mais Estado". E
 
-- Jornalismo -- que só interessa se for radicalmente democrático e for construído e praticado sob RIGOROSO CONTROLE DEMOCRÁTICO.
 
Nenhum outro jornalismo interessa à democracia e o 'jornalismo-como-o-conhecemos' só interessa, mesmo, às minorias ricas, para ser usado, como agente-ferramenta de uniformização das opiniões-desejos-vozes-votos, contra as maiorias pobres.
 
De fato, NINGUÉM DISSE , nesse debate, que precisamos de MENOS universidade; de  MENOS 'informação' construída pelo viés de opinionismo dos des-jornalões brasileiros; e QUE PRECISAMOS de mais discurso de PROPAGANDA DE DEMOCRATIZAÇÃO -- assunto do qual ninguém fala! Até quando?!
 
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A impressão que tenho é que todo o debate fez-se, ainda, DENTRO do campo do jornalismo-como-o-conhecemos e suas ficcções liberais como são ensinadas-reproduzidas na universidade.
 
No fundo, o debate REPETIU o que se tem visto: cada jornalista acha que, se o jornalismo for feito à moda do jornalista que fala, o mundo estará salvo. E Lalo sempre acha que se o jornalismo for feito à moda dos professôs-dotôs da ECA-USP, então, sim, o mundo estará salvo. Sinceramente: pior que isso, só o Eugênio Bucci.
 
Ainda não temos discurso para criticar TODO o jornalismo como o conhecemos (com seus respectivos jornalistas e professores). Tampouco temos discurso para criticar TODA a universidade como a conhecemos.
 
Então... só há, sempre, mais do mesmo: ou são jornalistas a quererem ME convencer que o jornalismo de cada um seria a perfeição ou, então, são os professô-dotô a quererem ME convencer (no grito!) que as teorias de cada um seriam "a mais certa".
 
NÃO É VERDADE que "Lula errou ao não prever mecanismos institucionais contra o PIG" (como diz o PHA, muito arrogante pro meu gosto e seeeeeeeeeeeeeeeeempre pouco lulista), pela suficiente razão de que NINGUÉM CONHECE "mecanismos institucionais contra o PIG" que não sejam censura pura e simples.
 
A sugestão do PHA é claramente a seguinte: entreguem os 'mecanismos institucionais de controle sobre o PIG ao PHA... e tudo bem. É onde eu acho que nã-nã-nã-não, é núúúúúncaras! Por que o PHA e não eu-euzinha?!
 
Bom. Tá na cara que o PHA NÃO É o jornalista mais democrático que há. Prá começar, ele é cheio de espinafrar o ministro Zé Dirceu, o presidente Lula e, todos os dias, o presidente Sarney, do Senado. Kédizê: por que algum PHA -- que jamais recebeu um único voto! -- seria autoridade pra espinafrar esses caras que EU-EUZINHA elegi?!
 
Bom. EU NÃO TENHO NADA CONTRA BOM E BELO CONTROLE PELA SOCIEDADE SOBRE O "PIG". Então, o primeiro passo deveria ser chamar a coisa de "bom e belo controle democrático sobre o PIG", em vez de inventar novos nomes atrás dos quais esconder a TOTAL falta de discurso NOVO.
 
NENHUM JORNALISMO INTERESSA À DEMOCRACIA: a era do jornalismo (da 'informação', da 'notícia' e do 'fato' como osconhecemos) acabô-se. Podemos, todos os dias, re-enterrar o velhinho que morreu ontem e fingir que estamos fazendo muuuuuuuuuuuuuuuita luta contra o PIG. Quero dizer: quem gostar, que faça. Eu ando cansada demais, pra dar trela pra esses papos metidos a libertários e  que, todos, são conservadores.

Caia Fittipaldi
 
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++http://www.viomundo.com.br/opiniao/um-debate-proveitoso-sobre-a-midia/

Um debate proveitoso sobre a mídia

Atualizado em 08 de agosto de 2009 às 13:16 | Publicado em 08 de agosto de 2009 às 12:09

por Luiz Carlos Azenha

No lançamento do livro de Altamiro Borges, A Ditadura da Mídia, tivemos um debate riquíssimo entre o autor, o jornalista Paulo Henrique Amorim e o sociólogo Laurindo Lalo Leal Filho.

PHA se disse cauteloso em relação à Conferência Nacional de Comunicação, prevista para dezembro. Apontou para a tibieza do governo Lula em relação ao enfrentamento com o PIG, o Partido da Imprensa Golpista, criação do deputado petista Fernando Ferro que Paulo Henrique popularizou.

O jornalista lembrou episódios que marcaram recuos do governo diante da pressão do PIG, dentre os quais destacou o engavetamento da idéia da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav), do ex-ministro Gilberto Gil, e a breve aplicação, pelo ex-ministro Luiz Gushiken, de critérios de mercado E políticos para a distribuição de verbas publicitárias federais. Esses critérios, segundo PHA, foram aplicados durante três meses, quando tudo voltou aos "critérios de mercado" que, segundo ele, significam "dar dinheiro para a Globo".

PHA propôs a criação de um fundo com dinheiro público e privado para a produção de conteúdo alternativo ao das três famílias que controlam as grandes corporações da mídia brasileira -- Marinho, Mesquita e Frias.

Lembrou que o PIG foi e é golpista, citando as campanhas da mídia brasileira contra os governos de Getúlio Vargas, João Goulart e Lula.

Disse torcer para que o governo Lula tenha uma estratégia secreta para enfrentar o PIG: a da disseminação da internet banda larga e do uso de computadores nas escolas.

Atribuiu os ataques mais recentes das Organizações Globo ao governo Lula a dois fatores: a Conferência Nacional de Comunicação e a disputa pelo controle da exploração do pré-sal.

O professor Laurindo Leal Filho, que é ouvidor da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), elogiou a criação da Sociedade Amigos da TV Brasil, ideia de Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília. Disse que esse tipo de iniciativa, em que os ouvintes se organizam em torno de um canal de comunicação, tem tradição no Brasil. Foi assim que Roquette Pinto organizou uma emissora de rádio e assim surgiram as rádios "clube" e as "sociedades radiofônicas" em várias cidades do Brasil.

A Sociedade dos Amigos da TV Brasil fica aqui.

A TV Brasil pode ser vista na internet aqui.

Clique aqui para participar do Fórum de Cultura Digital, do Ministério da Cultura

Laurindo elencou alguns defeitos de nascença da EBC: um Conselho Curador indicado pelo presidente Lula sem representatividade nos movimentos sociais; a falta de um canal aberto em São Paulo para a TV Brasil ("é como se a BBC não pegasse em Londres"); erros de cobertura jornalística da emissora, especialmente no noticiário internacional.

Ainda assim, o professor acredita que a criação da EBC foi um avanço a ser preservado e que fortalecer o campo público da comunicação deve ser uma das prioridades da Conferência Nacional de Comunicação.

O PIG, de acordo com Laurindo Leal Filho, tem atuação internacional. O ouvidor da EBC destacou os avanços institucionais que outros governos da América Latina fizeram no combate ao PIG, especialmente na Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina e Uruguai.

Sobre a nova lei argentina de radiodifusão, leia aqui.

Sobre a auditoria nas concessões, feita no Equador, leia aqui.

Sobre o avanço das rádios comunitárias no Uruguai, leia aqui.

Altamiro Borges destacou o papel que a mídia teve no golpe em Honduras, lembrando que a Sociedade Interamericana de Imprensa não se manifestou contra a expulsão da Telesur ou o fechamento da rádio Globo hondurenha.

Os palestrantes concordaram que, no Brasil, o PIG preserva seu poder de criar crises, mais recentemente demonstrado na tentativa de derrubar o presidente do Senado, José Sarney.

Borges fez um relato dos bastidores da Conferência Nacional de Comunicação e das artimanhas que o empresariado tem usado nos bastidores com o objetivo de controlar a pauta do encontro e de impedir as reformas que ele, Altamiro, considera essenciais.

Uma das propostas do empresariado é de que se discuta legislação para o futuro e se esqueça o passado. Seria uma forma de preservar o emaranhado de leis atual, tão confuso e contraditório que favorece o status quo.

Uma lei de outorgas clara, que submeta os radiodifusores a critérios sociais para a manutenção e renovação das concessões de rádio e TV, seria um dos objetivos centrais da Conferência de dezembro. Outro seria o de discutir critérios para os gastos oficiais com publicidade, que poderiam incorporar o objetivo de incentivar a diversidade na produção de conteúdo.

Os debatedores concordaram, no entanto, que os dois pontos acima citados são nevrálgicos para os monopólios da mídia e, portanto, neles será mais difícil avançar.

Altamiro disse, no entanto, que espera da Conferência alguns avanços, especialmente no fortalecimento do campo público da comunicação, na disseminação da banda larga e na reversão da política oficial do governo Lula, exercida a partir da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) -- em conjunto com a Polícia Federal --, de criminalização das rádios comunitárias.

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