sexta-feira, novembro 09, 2007

CASAL GROOVING ATACA DE NOVO...



A matéria do Jornal Nacional sobre a pesquisa da CNT 2007 (7/10/2007) tentou vender uma "verdade" que é falsa, visto que não representa os fatos, a realidade.

A matéria apresentou vários exemplos de rodovias, em situação precária, como amostra de um universo de rodovias em mau estado, concluindo que faltou investimento.
Verifiquem que enquanto a Fátima Bernardes fala da situação ruim das rodovias, no segundo plano aparecem as placas da rodovias BR-101, BR-040, BR-381 e RJ-071, essas com elevados volumes de tráfego.
As três primeiras estão bem avaliadas nos rígidos critérios da CNT e, portanto, estão em oposição ao que ela está falando.
A RJ-071 é a Linha Vermelha, atualmente sob gestão da Prefeitura do Rio, e todos os cem mil motoristas que por ela trafegam diariamente sabem que está em boas ou ótimas condições, também na contra-mão da fala da Fátima.
As BRs apresentadas como amostra representativa, são de baixíssimo volume de tráfego, de reduzida extensão e, duas delas, embora tenham o nome de BR, foram estadualizadas em 2002, pelo governo FHC, com repasse de recursos suficientes para recuperar essas rodovias. O que não foi feito pelos respectivos governo, obrigando o governo federal a realizar apenas manutenção, até que o TCU decida o que fazer com os 14,5 mil quilômetros de rodovias estadualizadas em 2002, com repasse aos estados no valor de R$ 2 bilhões.
Só Minas Gerais recebeu 6 mil quilômetros de rodovias - inclusive uma das mencionadas na matéria - e mais R$ 800 milhões e não utilizou esses recursos nas rodovias repassadas e abandonou todas elas, obrigando o TCU a determinar uma ação imediata do DNIT, no final de 2005, que ficou conhecida - equivocadamente - como Operação Tapa-Buraco.
Nós vamos dissecar essa pesquisa, como fizemos com a de 2006, e mostraremos que o quadro é completamente diferente da idéia que se tenta vender.
Demonstraremos, com os números da própria pesquisa, que mais de 80% do tráfego de cargas rodoviárias o fazem em rodovias em boas e ótimas condições dentro dos rígidos critérios da CNT. Mas essas rodovias não foram citadas, naturalmente. Aliás nada se falou sobre a situação das rodovias com médio e alto volume de tráfego.
A matéria somente se preocupou em enaltecer as rodovias pedagiadas em detrimento das que estão sob gestão governamental. Uma grande bobagem, na medida em que elas têm a obrigação de estarem em boas condições devido ao fluxo financeiro permanente, garantido pela cobrança de pedágio, o que não ocorre com as sob gestão pública.
Fazemos questão de defender o governo federal, que está fazendo corretamente o dever de casa, mas também todos os governos estaduais que estão investindo pesado na recuperação das suas malhas, tanto com recursos próprios como com recursos da CIDE e do OGU, repassados pelo governo federal. Embora reconheçamos que muitas melhorias precisam ser realizadas nos próximos anos (é só consultar o PNLT). Afinal foram muitos anos de descaso e abandono.
A seguir, damos informações sobre as BRs apresentadas como exemplo de mau estado, na matéria do Jornal Nacional, com o VMD (Volume Médio Diário, ou seja, quantidade média de veículos que trafegam diariamente na rodovia) e as condições atuais segundo o DNIT.
425 RO (136 km); VMD = 60; Condição: contrato de recuperação da rodovia, em andamento, condições razoáveis a boas de tráfego
419 MS (84 km); VMD = 34; Condição: em boas condições
460 MG (84 km); VMD = 200; Condição: requer cuidados mas tem contrato de manutenção em andamento, com R$ 3 milhões empenhados. Rodovia transferida para o Governo de Minas, em 2005, com recursos repassados em 2002/2003, mas quem cuida é o Gov. Federal.
469 PR (23 km); VMD = sem informação, mas tem baixo volume de tráfego; Condição: em obras de manutenção. Liga Foz do Iguaçu às Cataratas do Iguaçu
222 MA (500 km); VMD = 700; Condição: merece cuidados em vários segmentos. Rodovia transferida para o Governo do Maranhão, em 2006, com recursos repassados em 2002/2003, mas quem cuida é o Gov. Federal.
***
A contradição final da matéria é o pedido de investimentos de R$ 24 bilhões, pela CNT, para superar o quadro "dramático" apresentado.
Qual é a contradição?
O governo federal vem investindo pesado na recuperação das rodovias abandonadas pelo governo FHC. Em 2005 e 2006, com uma média de R$ 5 milhões/ano. Em 2007, chegaremos a uns R$ 8 milhões só com rodovias.
Os governos estaduais estão recebendo de repasse de recursos da CIDE, desde 2004, de R$ 1,8 bilhão/ano. Utilizam-no somente para recuperação das rodovias.
Apesar desse volume de recursos aplicados, as pesquisas da CNT, desde 2004, dão o mesmíssimo resultado .
Das duas uma, ou a pesquisa tem critérios insensíveis aos investimentos ou o governo federal e os governos estaduais estão jogando dinheiro fora, na medida em que, por mais que gastem, os resultados não aparecem.
Qualquer que seja a resposta, se nos basearmos na pesquisa, não faz sentido pedir mais investimentos, já que eles não provocam alteração alguma nos níveis de serviço da malha rodoviária nacional (federal e estaduais).
O principal exemplo é a malha de Minas Gerais. Investimentos pesados do DNIT e do DER-MG vêm sendo realizados desde 2004. E no entanto essa malha continua como sendo uma das piores avaliadas. O que o governador Aécio Neves tem a dizer sobre isso? Ele concorda com a pesquisa da CNT?
Na verdade, os investimentos estão promovendo resultados satisfatórios.
Nós já mostramos ( clique aqui) e continuarmos mostrando que os critérios de avaliação da geometria são blocos de granito irremovíveis, que jogam a Nota Geral para baixo da nota 81 (limite inferior do Bom).
Daí que, mesmo investindo 10 a 15 bilhões de reais por ano, a pesquisa sempre dará entre 70 a 75% da malha com Nota Geral abaixo de 81 permitindo dizer que esse é o percentual de rodovias em situação regular, ruim ou péssimo.
O Jornal Nacional faz a sua parte, mostrando rodovias inexpressivas e de baixíssimo volume de tráfego, como amosta, e o discurso está pronto. Será utilizado, diariamente, até o resultado da próxima pesquisa, como a principal referência no assunto.
Aguardem os próximos capítulos dessa novela...



///